ARTIGO: O jornalismo morreu?

Nas últimas semanas, assistimos em Assis, com muito pesar, o anúncio de que dois grandes jornais locais deixaram de imprimir suas edições.

Mas, será que o jornalismo está morrendo? Para responder, é preciso fazer uma contextualização do que ocorre na sociedade com a internet.

Estamos vivendo a Era Digital ou Era da Informação, a mais importante transformação da humanidade em todos os tempos: alguns estudiosos dizem que é mais do que foi a Revolução Industrial. É a criação do ciberespaço e um novo meio de comunicação (a internet e a informática).

Tudo isso começou no século XX, mas se intensificou a partir das décadas de 1970 e 1980, com invenções como o microprocessador, a rede de computadores, a fibra ótica, o computador pessoal e, posteriormente, os smartphones (celulares inteligentes)

Ela se caracteriza fundamentalmente pelo: aumento da capacidade de armazenamento e processamento no mundo; democratização do conhecimento; transferência do poder da mão do Estado para as pessoas; as pessoas passam a contribuir e gerar novas ideias.

No Brasil, segundo dados de janeiro de 2018*, existem 210 milhões de habitantes, e o número de internautas já chega a 66% da população, com 139 milhões de pessoas conectadas.

As mídias sociais, que surgiram de forma tímida e sem pretensão, com o Orkut, tornaram-se a principal forma de relacionamento no planeta, e no Brasil já corresponde a 58% de brasileiros interagindo, gerando conteúdo, consumindo informação.

Para se ter uma ideia, em Assis, há no Facebook* 77 mil pessoas. O Instagram vem crescendo muito. O Whatsapp lidera a comunicação entre pessoas e o Youtube é um dos principais lugares do planeta para o consumo de vídeos. O Google é o maior buscador do mundo e concentra a conexão entre pessoas e conteúdo.

O grande impacto é que, até o advento da internet e redes sociais, as pessoas necessariamente precisavam dos veículos de comunicação (Rádio, TV, Jornais etc) para obterem informação e consumirem seus conteúdos preferidos (Futebol, Novela, Entrevistas, Conhecimento etc)

Com a internet, essa lógica se inverteu: as próprias pessoas é que estão produzindo conteúdo e informação e novos veículos online surgiram. Quando um fato ocorre na sociedade, como foi o caso da criação de assessores da câmara municipal de Assis, rapidamente as pessoas alastram a notícia e substituem o papel da velocidade da informação que era o diferencial dos jornais.

Por outro lado, as empresas também necessitavam desses veículos para chegarem até potenciais consumidores e definiam o que era interessante ou não. É a chamada mídia interruptiva: entre uma novela preferida e outra, entre um jornal e um programa esportivo, assistimos propagandas sem que escolhêssemos. E isso foi afetado profundamente. Você gosta de assistir um conteúdo que você não tenha interesse?

Com as mídias sociais, portais, novas plataformas, as pessoas não querem mais consumir o que não gostam. A internet permite que tudo se transforme em dados. E obtendo-se dados, é possível criar experiências personalizadas.

Isso é ruim ou bom? Isso está certo ou errado? Creio que essa discussão não é importante nesse momento, pois são modelos de negócios que funcionaram até agora. O que vivemos e sentimos com esse impacto assemelha-se a um empresário e trabalhador do começo do século XVIII, que começou a ver motores a vapor movendo novas fábricas e um novo meio de produção.

Há poucos anos, um rapaz de 18 anos, amante do futebol, assistia na televisão uma propaganda de fraldas, por exemplo. Hoje, ele não quer mais consumir essa informação, pois não tem interesse, a não ser que seja papai. E a internet permite às pessoas que elas consumam apenas o que querem. Por outro lado, as empresas precisam se adaptar à essa nova lógica da sociedade, criando conteúdos personalizados para que cheguem às seu alvo (o marketing de conteúdo é uma grande evolução)

Estudo a Era Digital há pelo menos 10 anos, e trabalho com tecnologia há 16 anos. Analisando dados, percebemos há alguns anos que a forma de produção da informação, e o consumo, iria mudar radicalmente. Penze vem de Pensamento+Diferente, ou seja, o pensamento da nova era digital.

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O jornalismo não está morrendo! Fique tranquilo. A sociedade precisará, cada vez mais, de jornalistas para apurarem informação, investigarem, noticiarem, criarem novos conteúdos necessários para a evolução do conhecimento.

O que está mudando é a forma como as pessoas consomem informação. Com smartphones super poderosos, um computador na nossa mão, nós escolhemos o que queremos consumir.

O papel dos jornalistas será ainda mais fundamental com a Era Digital, pois a internet traz inúmeros benefícios, como novos conteúdos, novas vozes, a democratização do conhecimento, mas também traz muita informação equivocada, falsa (as fake news) que já afetaram eleições como a última dos Estados Unidos, conforme investigações da polícia americana, e podem afetar sobremaneira o mundo.

Segundo Erich Schimidt, presidente executivo do Google e Jared Cohen, diretor do Google Ideias, “O papel dos meios de comunicação tradicionais será em grande parte o de agregador, guardião e verificador, um filtro de credibilidade que separa de toda essa gama de dados e destaca o que merece e o que não merece ser lido, compreendido e confiado”.

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Dados de plataformas acessadas no Brasil

O que podemos afirmar é que não há volta. A internet e a tecnologia estão evoluindo cada vez mais. Os jornalistas, o jornalismo, os jornais, deverão se adaptar à essa nova forma de negócios trazidos pela internet, e continuar exercendo seu papel fundamental.

Não só o jornalismo! Todas as áreas e profissões sofrerão mudanças com a internet. A TV, o Rádio, as empresas em geral. Já assistimos novos negócios como Uber, que impactou sobremaneira a vida dos taxistas, a Netflix, que está impactando grandes canais de conteúdo, o Airbnb, que criou uma nova forma de alugar residencias e empresas, a Amazon, que revolucionou a forma de compra de livros no planeta e tantas outras empresas que estão sendo criadas e novas experiências para as pessoas. Isso vale para multinacionais e empresas locais.

Há casos muito tristes de empresas que não se adaptaram a essas revoluções, como a Kodak e o Yahoo. Mas há casos brilhantes de empresas que conseguiram passar por isso, como o The New York Times, que percebeu a mudança há anos e digitalizou seu conteúdo, e a Encyclopædia Britannica, que durante 240 anos imprimiu a principal fonte de conteúdo no mundo e deixou sua versão impressa, mas conseguiu criar novos produtos e continuar viva com a Era Digital.

Toda mudança gera dores, dificuldades, mas também gera novas oportunidades para todos. Você conseguiria viver sem o Youtube? Sem o Google? Sem a Netflix? Sem o Spotify? Em as Redes Sociais?

Convido a todos para que possamos ajudar a repensar o papel do Jornalismo em Assis e continuar sendo um importante instrumento para a sociedade. Sempre gostei de escrever e os jornais sempre me abriram oportunidades para isso. Coloco-me à disposição para que transfira o conhecimento que possuo dessa área para auxiliar nesse trabalho e de todos os penzers.

Vamos usar a #jornalismoassis em todas as Mídias Sociais (Stories, Instagram, Facebook, Whatsapp etc) e mandar força nessa ressignificação? Faça check-in ou marque a cidade de Assis para propagarmos essa ideia!

Em breve, um movimento vem aí! Juntos pelo jornalismo!

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Eder Pires da Fonseca tem 31 anos, original de Cândido Mota, trabalha com tecnologia há 16 anos e digital há pelo menos 10 anos, é fundador e CEO da Penze, uma empresa da Era Digital (www.penze.com.br)

● Dados oficiais trazidos pela HootSuite e WeAreSocial.
● Números retirados da plataforma oficial do Facebook em 26 de fevereiro de 2018, de pessoas com 13 a 65+ anos.

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