A votação secreta e a presença do prefeito José Aparecido Fernandes, do PDT, que chegou por volta das 22h30 -três horas após o início da reunião-, estrategicamente em tempo de votar, contribuíram para livrar o presidente do Conselho Curador da FEMA, Arildo José de Almeida (consogro do prefeito) e o diretor executivo da instituição, Eduardo Vella, de afastamento.
Com uma ausência e um impedimento, o pedido de afastamento foi negado por 8 votos a 6.
O encontro realizado na noite desta quarta-feira, dia 3 de agosto, foi convocado por sete conselheiros e conduzido pelo vice-presidente do Conselho, advogado Ricardo Hiroshi, em razão de o presidente Almeida ser acusado de irregularidades.
A reunião foi aberta com a defesa do presidente do Conselho Curador, Arildo Almeida, e Eduardo Vela.
Almeida insinuou que o momento enfrentado na instituição possa ter ligação com o resultado da recente eleição para a direção do IMESA, vencida por Eduardo Vela contra outras duas chapas. “Dias após a derrota e depois de um grupo de alunos questionar as regras do pleito, a Câmara Municipal decidir abrir uma CPI. Isso é significativo para analisarmos o momento que atravessamos”, disse.
Arildo reclamou da busca e apreensão realizada pela Polícia Civil em sua residência. “Após uma denúncia anônima e dois estudantes terem ido, voluntariamente, ao Ministério Público, fui tratado como bandido ao ter a polícia na minha casa”, protestou.
Almeida garantiu que “todos contratos e licitações serão analisados pelo Tribunal de Contas e que ainda restam alguns dias para responder aos requerimentos da CPI”.
Por fim, o presidente lembrou que a própria Justiça negou um pedido de afastamento dos dirigentes e apelou para que o Conselho Curador não realizasse o que a própria Justiça se negou a fazer. Ele se referia a um pedido de afastamento solicitado pelo Ministério Público e indeferido pela Justiça.
Eduardo Vella usou a palavra por mais tempo para tentar responder as denúncias apresentadas na Câmara, à Polícia e ao Ministério Público.
O diretor falou sobre contratos firmados, licitações, verbas à imprensa e defendeu que os salários de alguns professores sejam maiores do que o recebido pelo prefeito. “Temos um entendimento, com base em julgados, que os professores federais, estaduais e municipais possam ter o valor pago aos ministros do Supremo Tribunal Federal como teto”, resumiu, revelando alguns salários de professores, como o dele próprio, que é superior a R$ 50 mil.
Antes da votação, um documento tentou impedir que o representante dos alunos, João Pedro Blefari Diniz, participasse da votação, mas o pedido foi negado por Hiroshi, que justificou haver um ofício indicando Diniz para representar o corpo discente há meses.
Diniz, por sua vez, usou a palavra para defender que o prefeito não pudesse votar por estar indiretamente envolvido numa das denúncias apresentadas e pelo laço familiar com Arildo.
Colocado em votação, o pedido do representante dos alunos foi rejeitado.
DESTEMPERO – Antes da votação, no entanto, o prefeito José Aparecido Fernandes pegou o microfone para discursar. Além de defender o trabalho de sua esposa, Luciana Barreto Fernandes, como assistente social da FEMA, partiu para o ataque ao afirmar que, assim como sua filha -que possui bolsa para cursar Medicina sem pagar mensalidade- há outros 65 casos. “Por quê só minha filha é investigada?”, questionou.
Além de defender seus familiares e o trabalho de seus consogro, Arildo Almeida, e Eduardo Vela à frente da FEMA, o prefeito disse que as denúncias apresentadas contra os dirigentes não passam de um “show pirotécnico” produzido pela Câmara Municipal e atacou pessoalmente o vereador Fernando Sirchia, presidente da CPI, chamando-o de ‘vereador Salsicha’ por duas vezes. Sirchia, presente à reunião, apenas ouviu os ataques.
SECRETO – Aprovado um pedido de votação secreta “para impedir represália aos conselheiros que denunciaram ser vítimas de assédio e coação”, foi definido que apenas Arildo de Almeida não votasse.
Com isso, e sem contar com o representante da Associação Comercial, Name Sabeh, ausente do encontro por estar viajando, teve início o escrutínio com cédulas preparadas para o voto.
Sob os olhares dos conselheiros Arildo Almeida, João Pedro Diniz e Andréa Dorini Rossi, foi divulgado o resultado. Oito votos contrários ao pedido de afastamento e seis favoráveis. A proclamação do resultado foi seguida de gritos, aplausos e muita comemoração do prefeito e outros conselheiros.
QUEM VOTOU: Os conselheiros presentes com direito a voto foram:
Marlene Barchi Dib (Dirigente Regional de Ensino de Assis)
José Aparecido Fernandes (Prefeito Municipal)
Dulce de Andrade Araújo (Secretária Municipal de Ensino)
Valter de Souza Filho (Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Assis e Região)
Antônio Fabiano Morelli (Associação Paulista de Medicina)
Marcelo Carvalho Melo (Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas)
Ricardo Hiroshi (Comunidade Geral)
João Pedro Blefari Diniz (Corpo Discente do IMESA)
Edson Fernando Pícolo (Corpo Docente do IMESA)
Nilson Silva (Entidades do Magistério)
Andréa Lúcia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi (Unesp – Assis)
Giovana Rodrigues Becheli (Funcionários da FEMA)
Gustavo Gomes da Silva (Ordem dos Advogados do Brasil)
Hélio Paiva Mattos (Sindicatos dos Trabalhadores de Assis)
AUSENTE – Name Sabeh (Associação Comercial e Industrial de Assis)
IMPEDIDO – Arildo José de Almeida (Prefeitura Municipal Assis )
AO VIVO – O portal Abordagem Notícias transmitiu, ao vivo, as mais de quatro horas da reunião pela plataforma Facebook, que teve milhares de visualizações e centenas de comentários.
FILÉ – Como as pizzarias da cidades já tinham encerrado o atendimento ao público nos primeiros minutos da madrugada desta quinta-feira, ou por opção de cardápio, um grupo ligado ao presidente do Conselho Curador e ao prefeito foi festejar num restaurante onde o cardápio é filé.
Prefeito discursou na reunião da FEMA
Reprodução Abordagem Notícias