Está programado para ter início às 8 horas da manhã desta sexta-feira, dia 6 de março, na sala 4 do Centro Funerário São Vicente, o velório do professor universitário Juvenal Zanchetta Júnior, que morreu na manhã desta quinta-feira, na UTI do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
O sepultamento ocorrerá no final da tarde, no Cemitério Municipal da Saudade.
O professor da Unesp, que tinha 56 anos de idade, encontrava-se internado na UTI desde o sábado, dia 22 de fevereiro. Há anos, ele lutava contra um câncer.
Juvenal Zancheta Júnior foi professor do Centro Paula Souza.
Teve importante contribuição na elaboração do Plano de Carreira do Magistério Municipal, com debates no Conselho Municipal de Educação.
Também foi assessor de comunicação do ex-prefeito José Santilli Sobrinho e colaborou com a fundação do Jornal da Segunda.
O jornalista e amigo de Juvenal Zanchetta, Cláudio Messias, escreveu em texto, como homenagem póstuma, sobre a triste notícia recebida na manhã desta quinta-feira.
“O adeus ao comunicador e educador Juvenal Zanchetta
Certa vez postei, em uma rede social, ante a uma de tantas barbáries que nos últimos anos fazem vítimas os comunicadores que cobrem atos de assassinos, que “quando um jornalista tomba, a democracia sucumbe”.
Houve compartilhamentos, comentários, enfim, esse movimento todo que a velocidade das mídias sociais faz protagonizar.
Hoje, pela manhã, no meio do nosso café, em casa, aqui em Campina Grande, PB, somos surpreendidos pelo tombar de mais um colega. O comunicador e educador Juvenal Zanchetta Júnior. O câncer o tirou de nós e, como é típico dessa doença, de uma forma violenta. Violência não só delongada por mais de uma década de tratamentos no Brasil e nos Estados Unidos, mas advinda da vivência, nossa, com esse homem que jamais desistiu do prazer de viver.
Conheci o Zanchetta professor de inglês na condição de seu aluno, no Clybas, em 1986. Aulas nas noites de terças e quintas-feiras, depois do recreio. Às quintas eu levava exemplares da revista Bizz, com letras traduzidas, e ele levava a música em fita K-7, para ser reproduzida em radiogravador. Eu, redator e técnico de som na rádio Cultura AM/FM; ele, locutor na rádio Antena Jovem, recém-inaugurada, e estudante de Letras na Unesp.
Em 1988 recebi convite e aceitei trocar, no final do ano, a Cultura pela Antena Jovem. Eu e Zanchetta quase trabalhamos juntos na ocasião. Ele, então formado em Letras, foi seguir seu trajeto como educador no início de 1989. Nossos reencontros, esporádicos, ocorriam em partidas de futebol na Crevapa ou na sede social dos funcionários da Nova América. Ou, ainda, nos torneios imprensa ou em ocasiões em que jornalistas de Assis se reuniam, como na ocasião da fundação do Jornal da Segunda, capitaneado por Reinaldo Nunes, o Português, e Júlio Cezar Garcia.
Em 1993, quando transitei do rádio para o jornal impresso, Juvenal Zanchetta era chefe do departamento de Comunicação da Prefeitura, gestão de José Santilli Sobrinho. Essa relação que ora misturava amizade, ora o lado profissional, foi um tanto conflitante quando assumi a função de editor do jornal A Gazeta do Vale, dada a forte personalidade do colega.
Ainda na gestão de Zeca Santilli mais uma experiência profissional entre ambos. Sob mediação da agência de publicidade MCP fui contratado como assessor de imprensa da feira agropecuária Ficar, em 1995, mantendo elo de trabalho com o departamento de Comunicação da Prefeitura chefiado por Zanchetta.
Na imprensa de Assis essa relação de amizade profissional foi findada em 1996, com o término do mandato de Zeca Santilli. À época eu ocupava a função de supervisor administrativo da sucursal de Assis do jornal Oeste Notícias, de Presidente Prudente.
Voltamos a reencontrar em 2004. Juvenal Zanchetta, apesar da passagem pela Prefeitura, fazia carreira na Unesp de Assis, como professor efetivo vinculado ao departamento de Educação. Naquele ano, começando a encerrar minha carreira formal de jornalista, eu havia voltado de Marília e dava início à graduação em História na Unesp.
No início do primeiro ano de curso tomei um café com Juvenal, na cantina da Unesp. Ele lecionava uma disciplina no curso de História e eu comentava que voltaria a ser aluno seu, com o que ele discordou, comentando: “estou iniciando um tratamento severo de saúde e justamente agora vou abdicar de dar essa disciplina”. Era, ali, o início de uma batalha pela sobrevivência.
Juvenal esteve nos Estados Unidos fazendo tratamentos caros. Reencontramos nos corredores da Unesp em 2007, quando eu estava prestes a me formar. Ele, vinculado ao programa de pós-graduação em Educação da Unesp em Marília, ouviu sobre meu objeto de mestrado, inter-relacionando Comunicação e Educação, e deu conselhos. Minha pesquisa, apontou, não estaria em Assis, Marília ou outra unidade da Unesp; estaria em São Paulo.
Duro nas palavras e de uma sinceridade temperada por palavras ora sarcásticas, ora bem-humoradas e/ou irônicas, Juvenal criticou meu objeto de pesquisa na pós-graduação. Definiu minha pretensão de analisar a produção midiática no espaço da escola como “chapa-branca”. Doeu ouvir falar aquilo de meu “filho”, pois concebemos nossos fenômenos científicos com um arcabouço teórico que advém de nosso capital cultural, de nossa identidade. E, como tudo na vida, bastou o tempo passar para agora, recentemente, após concluir meu doutorado, saber, eu, entender em que ponto o colega estava e está certo.
Casei em junho de 1994 e ainda guardo uma taça de um jogo de copos de cerveja que Juvenal me deu de presente. Não foi à igreja, por compromissos outros, mas passou em casa para deixar.
A esposa, Rozana, anos depois igualmente protagonizaria história de vivência profissional com meu amigo. Formada em Letras pela mesma Unesp/Assis, ingressou como professora efetiva do departamento de Educação de Juvenal em 2009, estreitando, novamente, os momentos de vivência.
Em 2015 a minha saúde também fragilizou. Eu, submetido, às pressas, a uma cirurgia cardíaca, e Juvenal tratou de tranquilizar Rozana. E ele estava certo. Perto de sua briga pela vida, a minha era mais tênue. Era e é.
Por esses anos todos, desde 2004, testemunhamos um Juvenal Zanchetta Júnior que apesar de tudo jamais abdicou de sua responsabilidade para com a pesquisa científica. Faleceu, hoje, no último capítulo de briga ferrenha contra o câncer.
Apenas 56 anos de idade e com planos ativos de aposentadoria vindoura, não sem antes fazer o concurso, já aberto, de professor Titular. Não deu tempo e, agora, sobra-nos o lamento por mensurar o quão é injusto, dolorido e cruel é a comunidade científica despedir-se de um protagonista tão jovem, tão forte, tão eternamente vivo nas linhas escritas que deixou.
Apenas concluindo o enunciado que abre essa homenagem póstuma, a democracia está sucumbida pois perdemos mais numa voz indignada com o momento cruelmente avassalador por que passa, política e partidariamente, o país.
* Cláudio Messias é jornalista e historiador. É doutor em Ciências da Comunicação pela USP e professor na Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba.
Juvenal Zanchetta Jr. morreu aos 56 anos