Mais um capítulo da novela “Renovação do contrato com a Sabesp”.
Mudam os atores, muda o roteiro, mas a novela continua.
Nem mesmo uma determinação judicial, anos atrás, exigindo o fim do impasse foi capaz de produzir o último capítulo.
Agora, no mais novo capítulo, o principal ator: o prefeito José Fernandes, conseguiu recolocar no palco um ator que estava ausente das aparições públicas desde a derrota eleitoral: o vice-prefeito Márcio Veterinário.
Juntos, eles receberam no gabinete do Paço Municipal nesta quarta-feira, dia 29 de novembro, quatro dos 15 vereadores e três dos 11 secretários municipais.
Na verdade 14 vereadores, já que um deles, Nilson Pavão, ficará fora de cena até 2.019 por estar internado num clínica de recuperação de usuários de drogas e substâncias entorpecentes.
Uma triste coincidência: justamente o vereador Pavão que denunciou ter recebido uma indecente proposta para votar a favor da Sabesp e receber R$ 150 mil não participará sequer da discussão e, pelo jeito, da decisão.
Sejamos mais duros: indecente proposta não. Se verdadeira for, uma criminosa proposta.
Fruto do devaneio de um usuário de droga ou verdade, a denúncia, até o momento, sequer foi investigada.
E, como temiam muitos vereadores, sem investigação à séria denúncia de corrupção, a ‘lenda urbana’ continua.
No palco, nesta quarta-feira, além do prefeito e vice estavam o presidente do Legislativo, Eduardo de Camargo Neto, acompanhado de três parlamentares: Gordinho da Farmácia, Carlão Binato e Bigode.
Na mesma cena, retratada no portal oficial da Prefeitura Municipal aparecem três dos 11 secretários municipais: Clóvis Marcelino (Obras e Serviços Públicos), Marina Antunes (Negócios Jurídicos) e Percy Speridião (Fazenda).
Diz o roteiro oficial que “o prefeito José Fernandes se reuniu com vereadores e secretários para discutir a proposta apresentada pela SABESP no dia 27, em São Paulo, na Secretaria Estadual de Assuntos Hídricos, sobre a renovação de contrato com a empresa que explora os serviços de água e esgoto na cidade de Assis”, confirmou o portal da Prefeitura Municipal de Assis.
Informa o texto que a proposta oferecida “inclui repasse anual de 4% ao ano sobre a arrecadação líquida da SABESP e outras benfeitorias na cidade”, sem revelar valores.
O Jornal da Segunda On Line foi informado por um dos participantes da reunião que o faturamento líquido anual pelo valor cobrado pelo precioso líquido (perdoe a necessária redundância) é de aproximadamente R$ 50 milhões.
Se isso retratar, de fato, a realidade financeira da empresa, a Sabesp estaria oferecendo cerca de R$ 2 milhões por ano para continuar prestando o serviço de tratamento e distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto no município.
“Esta é a proposta apresentada e temos que nos posicionar sobre isso, porque Assis está perdendo por falta de renovação com a SABESP há nove anos. Hoje, tivemos uma discussão com os vereadores e amanhã conversaremos com os empresários na ACIA e voltamos a conversar com os vereadores na segunda-feira, dia 3, antes da sessão da Câmara. Mas, entendemos que o momento é viável, pois não podemos mais deixar de receber recursos de uma empresa que explora os serviços no nosso município sem nenhum repasse financeiro para a Prefeitura”, defendeu o prefeito José Fernandes.
Ou seja, matematicamente falando, quando maior for o valor da tarifa cobrada dos usuários, mais a empresa arrecadará e maior será o lucro e, consequentemente, na mesma proporção aumentará o repasse ao município.
São números frios, mas reais, que podem sinalizar uma triste armadilha econômica sobrepondo aos verdadeiros interesses sociais.
Outro detalhe que desperta a atenção nos últimos capítulos da novela é que os próximos atores a entrarem em cena serão os empresários.
Em nenhum momento, o prefeito informa que pretende apresentar a proposta a trabalhadores ou demais representantes da população.
O ideal, defendem alguns, seria realizar uma Audiência Pública para expor a proposta ser analisada.
Se repetir o capítulo filmado no início do ano, na sede da empresa, em São Paulo, voltarão ao palco principal os atores: Name Sabeh (presidente da Associação Comercial industrial de Assis) e os dirigentes Nilson Melo e Cláudio Bandini (foto abaixo).
O trio integrou a comissão que viajou a São Paulo no dia 20 de março. Na ocasião, eles voltaram com as malas vazias (aqueles que não foram às compras) e sem ouvir qualquer proposta da Sabesp.
Naquele capítulo da novela, outros secretários municipais e vereadores estavam presentes como atores coadjuvantes.
Aguardemos os próximos capítulos da novela que, dependendo do último capítulo, não terá o vereador Pavão como ator.
Logo ele, que estava sedendo por receber seu imoral cachê.
O prefeito apresentou a proposta oferecida pela Sabesp
Visita à sede da Sabesp no dia 20 de março