O primeiro dia de funcionamento do transporte coletivo feito pela empresa Brambila na cidade de Assis, com a cobrança da tarifa a R$ 4,00, foi marcado pela reclamação com o valor e a falta de informações sobre o serviço.
O repórter Reinaldo Nunes, acompanhado de dois amigos, usou o transporte coletivo no início da tarde desta quarta-feira, dia 7 de março, e pôde constatar, pessoalmente, uma série de pequenos transtornos enfrentados pelos passageiros.
A maioria dos problemas pode ser facilmente resolvida com a melhoria na informação. Quanto ao preço, só resta protestar, já que o valor foi definido e autorizado pela Prefeitura.
A desinformação começa pela falta de aviso sobre o valor da tarifa no interior do ônibus.
Na linha -Praça Arlindo Luz ao Terminal Pacaembu-, usada pelo repórter, a maioria dos passageiros entrou no coletivo perguntando ao motorista o preço da tarifa e o itinerário.
Embora no luminoso existente na frente do ônibus usado apareça como destino final o bairro Assis III, na verdade a última parada acontece nos altos da Avenida Projetada A, no Pacaembu.
O coletivo também passa pela rua Santo Antônio, que divide o Assis III e o Jardim Santa Clara.
No entanto, as reclamações maiores no primeiro dia ficaram por conta dos passageiros que não desfrutaram da isenção da tarifa apesar de terem esse direito: principalmente os idosos.
A maioria não conseguiu se cadastrar no Espaço Cidadania.
Houve muita reclamação do serviço. Apenas três atendentes da Prefeitura não conseguiram atender a grande procura dos beneficiários. São 50 atendimentos de manhã e o mesmo número no período da tarde.
Há filas desde o começo da manhã e falta acomodação até para os que conseguem senhas de atendimento.
Sem cadastro e sem carteirinha, que só deverá ser entregue daqui alguns dias, a Prefeitura informou, através do programa Acorda Assis, na rádio Interativa FM, que, nesse período, bastará o idoso exibir um documento (RG) para ter liberado o acesso pelo motorista.
Houve uma caso, no trajeto percorrido pelo repórter, em que uma senhora, claramente com mais de 65 anos de idade, foi impedida de ter acesso ao ônibus por estar sem o documento. “Sinto muito, minha senhora, mas é a ordem que recebi”, desculpou-se o motorista.
Uma outra situação vivenciada pela equipe de reportagem foi a de uma mulher que entrou no coletivo com uma criança aparentando ter cerca de oito anos de idade. Apesar de o menino estar com uniforme da escola e carregando uma mochila com material escolar, o motorista não permitiu que ele pagasse meia tarifa por não ter documento comprovando ser estudante, apesar de a mãe insistir: “a professora dele falou que bastaria apresentar uma declaração”, que ela tinha à mão.
Não adiantou. Mãe e filho tiveram que desembarcar. O fato aconteceu no Assis III.
USADOS – Apesar de ter uma lataria com pintura nova, personalizada com o nome de Assis e o brasão da Prefeitura Municipal, os ônibus da empresa Brambilla que começaram a correr nesta quarta-feira não são novos.
Basta entrar nos veículos para perceber a qualidade do material, principalmente nos ferros que sustentam os bancos, onde as marcas de uso e a ferrugem são aparentes.
Mesmo usados, os ônibus são confortáveis, apesar de poltronas apertadas. Aliás, a falta de espaço no assento para dois passageiros quase gerou uma confusão no interior do veículo em que o repórter Reinaldo Nunes estava.
Um idoso não gostou de dividir o mesmo banco com um jovem com um porte avantajado. Ele reclamava da falta de espaço para colocar um dos pés. “Eu não tenho medo de você, não!”, ficou esbravejando o idoso.
Aparentemente calmo, apesar das provocações, o rapaz não se incomodou e desembarcou no ponto seguinte, na vila Maria Isabel.
A solidariedade também se mostrou no ambiente quando um passageiro se ofereceu para colocar o carrinho de bebê no interior do ônibus de uma mãe estava no ponto de embarque segurando uma criança pela mão e carregando um bebê no colo.
Aos poucos, quando o cadastramento for concluído e a divulgação do valor da tarifa, itinerário e pontos de embarque e desembarque melhorar, é possível que a única e mais contundente crítica continue sendo só o preço da passagem: R$ 4,00.
Esse valor é maior do que o praticado pelo transporte coletivo na maioria da cidades do interior paulista e até na capital.
A empresa Brambilla foi contratada para prestar o serviço em caráter emergencial nos próximos 180 dias.
Nesse período, a Prefeitura Municipal de Assis pode preparar um processo licitatório para contratar uma concessionária por um prazo de 30 anos ou mesmo realizar estudos de custo-benefício para municipalizar o serviço, com a aquisição de uma frota de novos veículos e a contratação de motoristas.
Acompanhado de amigos, o repórter do JSOL usou o transporte coletivo