Está interrompido, temporariamente, o sonho do menino pobre nascido em 21 de julho de 1999, na periferia de Salvador, Gabriel de Oliveira Pereira, o meio campista ‘Oliveira‘, de vencer na carreira e brilhar como jogador de futebol profissional.
Contratado pela diretoria do VOCEM de Assis junto ao Taboão da Serra, onde disputou os quatro jogos da Copa São Paulo de futebol júnior, o jogador de apenas 19 anos de idade, pediu à diretoria do ‘Esquadrão da Fé’, na noite de segunda-feira, dia 22, a rescisão, de ‘maneira amigável’, do vínculo contratual que se prolongaria até 30 de novembro de 2019.
Evitando dar detalhes sobre os motivos da decisão, Oliveira resumiu, dizendo apenas que houve “problemas de adaptação”.
Segundo apurou o Jornal da Segunda, que ouviu um dos jogadores presentes a uma reunião ocorrida na noite de segunda-feira, entre elenco, comissão técnica e alguns dirigentes, Oliveira e alguns outros atletas não teriam gostado do “tom da cobrança” de rendimento na derrota sofrida no clássico contra o Atlético Assisense, na manhã do dia anterior. “Cobrança após a derrota é normal. Não foi esse o motivo”, reafirma.
O ainda garoto, com pouco mais de 1m60 de altura, que saiu de Salvador prometendo ganhar a vida no futebol para poder ajudar a família, sai de Assis prometendo voltar e sem críticas ao técnico: “Não tenho nada contra o Luciano. Já trabalhei com ele em outro clube. Ele é um grande treinador e dará muita alegria ao VOCEM, mas, de fato, não me adaptei e prefiro sair agora para não me sentir incomodado”, voltou a repetir o jogador, considerado pela torcida como um dos poucos destaques na atuação no clássico, apesar da derrota.
“Cheguei com a esperança de brilhar. Queria acertar e ajudar esse time, que tem uma torcida maravilhosa a realizar o sonho do acesso, mas não dá mais. A estrutura é boa, mas não dá nesse momento. Quem sabe, o ano que vem a gente volta para Assis”, voltou a reafirmar.
Sobre o futuro, Oliveira espera ser contratado por outro clube em breve para voltar a jogar: “Cara, ainda estou sem rumo. Foi muito precoce essa decisão. Preciso de ajuda para arrumar um outro clube onde eu possa mostrar meu futebol. Sou muito novo ainda. Pode ser no estado do São Paulo ou mesmo no interior do Paraná”, pede o jogador, apontado como o melhor em campo no amistoso em que o VOCEM venceu Cruzália por 3 a 0 na fase de preparação para a Segundona e que só não atuou na estreia contra o Marília por não estar com a documentação registrada.
Ainda sobre o futuro, o menino que começou a jogar futebol nos campos de terra na periferia da capital baiana ainda tem um sonho: “Vou vencer. Vim de longe, já rodei muito e vou vencer”. Aos 16 anos, Oliveira deixou a Bahia para se transferir pro futebol paulista, onde disputou o Campeonato Paulista da categoria sub-17 pelo América de São José do Rio Preto. Lá, disputou cinco partidas sob o comando do técnico Luciano Baiano.
Oliveira começou sua carreira nas categorias de base do Bahia. Passou pelo Atlético Mineiro, Jacupiense, América de Rio Preto e Taboão da Serra, antes de chegar ao VOCEM. “Meu plano é jogar num clube grande e engrenar na profissão”, diz o segundo volante, que tenta se espelhar em Douglas Luiz, jogador do Manchester City e que atua no Girona.
“Vou vencer no futebol e essa camisa bordô e branca, apesar de vesti-la por poucas vezes, jamais esquecerei”, promete o jogador, que também não se esquece da família, dos amigos, Tarô e o tio Alessandro. “Todos são muito importantes na minha vida”, agradece.
Oliveira continua alojado no Centro de Treinamento ‘Padre Beline’, na antiga Assis Diesel, aguardando o acerto contratual para poder seguir seu rumo ainda indefinido.
CLUBE – Procurado para falar sobre a rescisão de contrato do jogador Oliveira, o presidente do VOCEM, Fábio Mânfio, disse que a pessoa ideal para falar sobre o assunto seria o técnico Luciano Baiano. Ele explicou que “a solicitação partiu do atleta” e enfatizou, sem citar nomes: “precisamos de comprometimento, foco, nada que fuja disso”, resumiu.
Oliveira conce entrevista no clássico