Três anos atrás, no início da tarde de 29 de maio, inconsolável, abalada emocionalmente e extremamente nervosa, a dona de casa Maria José Baraúna, de 49 anos de idade, mesmo com graves problemas de saúde, saiu do Cemitério Municipal da Saudade, em Assis, carregando, numa sacola plástica, os restos mortais de sua filha, Simony de Campos Baraúna, sepultada há 27 anos na quadra 28, no túmulo de número 30.154, adquirido em 15 de dezembro de 1987.
Agora, quase três anos depois, o pai da criança, Fernando Luíz Baraúna, que à época morava em Curitiba, voltou para Assis e promete ir “até o fim” para recolocar os restos mortais da filha na mesmo sepultura da qual foi despejada.
Além disso, estuda ajuizar uma ação judicial de reparação pelos danos morais que sua família teve. “Por sorte, quando estive em Assis, na semana passada, não encontrei a pessoa que despejou minha filha da sepultura. Não sei o que faria se o encontrasse quando fiquei sabendo do ocorrido”, contou o pai, em entrevista no programa Acorda Assis, na rádio Interativa FM.
Fernando Baraúna esteve no Cemitério de Assis na quarta-feira, dia 28 de março. Em posse de comprovante do pagamento da taxa de “perpetuação em terreno vago localizado na quadra 28” no valor, àpoca de Cz$1.800,00 e do respectivo “termo de aquisição de jazigo perpétuo”, ele foi cobrar explicações pelo ‘despejo da ossada de sua filha’. “Alguém vai ter que pagar pelo que fizeram”, exigiu.
O “despejo” do túmulo que era ocupado pela criança Simony Campos Baraúna teria sido uma determinação do então administrador do Cemitério Municipal.
Apesar de contrariada, a mãe atendeu a ‘determinação’ e decidiu levar o saco plástico com os restos da filha para sepultar em Maracaí, onde residia, mas prometeu: “Quando me restabelecer, vamos contratar um advogado para acionar a Prefeitura de Assis pelos danos que provocou à nossa família”, disse a mulher, entrevistada, na ocasião, no programa “Acorda Assis”.
Agora, através do pai, ainda inconformado com o ocorrido, a situação poderá ser revertida. O novo administrador do Cemitério Municipal, Valterugo Baptista de Oliveira, atendeu Fernando Luíz Baraúna e informou que “ele tem direito à posse definitiva da área onde estava sepultada sua filha” e prometeu ajudar a família a corrigir o que entendeu ter sido “um crime”.
“Já recoloquei a placa do número da sepultura no mesmo lote e veremos como, judicialmente, podemos resolver o translado dos restos mortais da filha dele”, contou.
O caso promete desdobramentos. Além de “ir até o fim” para recolocar a filha na sepultura da qual foi despejada, o pai promete cobrar, na Justiça, uma indenização pelos danos morais que a família sofreu com a decisão.
Mãe carrega restos mortais da filha numa sacola
Foto: Arquivo Jornal da Segunda (Pedro Otávio)