Era uma tarde de 1950, minha mãe, uma jovem de 21 anos, amamentava sua bebê, enquanto a outra filha, de um aninho e pouco, vinha toda hora mostrar as mãozinhas molhadas na água da tina de lavar roupas.
Após alguns minutos sem a filha aparecer, minha mãe saiu à sua procura.
Para seu desespero, a filha estava boiando na tina d’água.
Minha mãe pegou a filha e saiu gritando no portão.
Quando chegou uma grande senhora, enorme de estatura e de atitudes.
Ela pegou a menina moribunda e, sem hesitar, chupou seu narizinho com bastante força, e a menina voltou à vida.
Tempos depois, morreu a filha daquela grande senhora, deixando-a com dois netos pra criar.
E esses netos foram criados juntos com meus irmãos, uma certa forma de agradecimento da minha mãe àquela que salvou sua filha.
Don’Ana faleceu há décadas, minha mãe está com 90 anos.
A menina salva é a Dirce Souza Molitor, com 71 anos, a que mamava é a Lucia Helena Bueno, com 70.
Hoje, a netinha de Don’Ana faleceu aos 60 anos.
Minha mãe não poderá fazer a última homenagem à sua heroína.
Os tempos são difíceis, a pandemia não permite o adeus cristão perfeitamente.
Como sou temporã, serei a representante da família no adeus a Ritinha.
Descanse em Paz, irmã do coração.
Nilva Mendonça
Rita Tibúrcio: 1959 – 2020