A reunião do Conselho Municipal de Saúde, registrada no anfiteatro do Hospital Regional de Assis neste dia 31 de julho de 2019, pode ser considerada ‘histórica’.
Primeiro, por fazer com que os conselheiros deixassem suas confortáveis cadeiras na sala de reuniões para se encontrarem numa unidade de saúde.
Que, daqui em diante, a experiência exitosa no Hospital Regional sirva de motivação para novos encontros na UPA ‘Ruy Silva’ do Jardim Aeroporto, no Pronto Atendimento da vila Maria Isabel e até mesmo nas unidades básicas com a presença dos conselheiros.
Segundo motivo para festejar a reunião foi a notícia, dada em primeiríssima mão pela diretora do Hospital Regional, Margareth Marusque, do retorno oficial do atendimento aos pacientes diagnosticados com câncer em nossa região.
Talvez tenha sido a melhor e mais importante notícia dos últimos anos que repara, em parte, a maior perda histórica da saúde pública regional, retratada com o descredenciamento do Hospital ‘Joelson Lisboa’ como Unidade de Oncologia.
Mesmo que algumas autoridade políticas, omissas durante o processo de descredenciamento, agora tentem se aproveitar para faturar eleitoralmente, é importante que alguns fatos, publicados neste espaço desta folha de jornal, não se percam na história.
A luta de um grupo de cidadãos anônimos concentrados na praça em frente ao hospital para alertar sobre o risco do descredenciamento não pode ser esquecida, mesmo que as poucas vozes daquele microfone solitário não tenham sido levadas a sério. Pelo contrário, alguns foram chamados de “mentirosos”.
A cidade, derrotada politicamente por Ourinhos nessa guerra, conforme admitiu o próprio prefeito José Fernandes, conseguiu reverter a situação graças a uma ‘batalha judicial’.
Aí, o Conselho Municipal de Saúde, mesmo com pensamentos divergentes, e o movimento popular ‘Juntos pela Oncologia’ foram decisivos por pressionarem o poder Público a ajuizar uma ação contra o Ministério da Saúde cobrando a retomada do serviço. A ação, corajosamente assumida e protocolada pelo departamento jurídico da Prefeitura Municipal de Assis, contou com apoio da OAB, Câmara Municipal, Associação das Voluntárias e outras instituições.
A batalha judicial só foi vitoriosa pelo “papel social relevante” pautado em argumentos e fundamentações jurídicos perfeitos dos promotores Sérgio Campanharo e Leonardo Guelfe. “A intervenção desses dois promotores foi fundamental para eu julgar procedente a ação”, reconheceu o juiz federal, Luciano Tertuliano, autor da sentença favorável.
Por fim, a figura de uma técnica que soube, de forma silenciosa, conviver, com extrema imparcialidade e maestria, numa seara de transição política onde são comuns provocações e até mesmo ameaças de perda do cargo.
Que o mesmo sino, instalado no setor de oncologia do Hospital Regional de Assis para anunciar, simbolicamente, o final do tratamento de cada um dos pacientes com câncer, se dobre em reconhecimento à postura altamente hábil e competente da diretora do Hospital Regional, Margareth Marusque.
Prestes a dar a grande notícia, ela me revelou seus sonhos: “Ouvir os pacientes sendo chamados para iniciar o atendimento e ouvir o sino festejando o fim do tratamento”.
Parte do próprio sonho ela ajudou a virar realidade e que os sinos dobrem muitas vezes a partir de agora.
Em tempo, necessário destacar o compromisso assumido pelo CIVAP -Consórcio Intermunicipal do Vale Paranapanema-, na pessoa do presidente Eduardo Sotana, ‘Tatu’, prefeito de Maracaí, encarregado por firmar o convênio com a Secretaria Estadual da Saúde para a contratação dos médicos que atuarão na equipe da Unidade de Oncologia e a todas as instâncias regionais de saúde, responsáveis pela gestão do serviço em parceria com o Hospital Regional de Assis.
Obrigado a todos que partilharam desta luta. Espero que os ‘omissos e covardes’ no passado, ao menos tenham vergonha quando tentarem se aproveitar da vitória nessa luta.
O autor Reinaldo Nunes (Português) é radialista, jornalista, ex-vereador e conselheiro municipal de saúde.