O Jornal da Segunda surgiu como resultado de reuniões de jornalistas, à época insatisfeitos com o noticiário local – especialmente na cobertura política. Durante semanas, esses profissionais vinham se reunindo no “escritório”, como chamávamos o Bar do Bento, ‘Duas Rodas’, na esquina das ruas Barão do Rio Branco e Dom Lázaro Neves, para definir o futuro do projeto, em especial a linha editorial e a captura de anúncios. Alguns estavam empregados e participavam clandestinamente, por medo de represália patronal.
O JS estreou nas bancas em 10 de abril de 1989. Custava 50 centavos, na moeda da época, o Cruzado Novo (NCz$). Na política, o quadro era: presidente, José Sarney; governador, Orestes Quércia; e, prefeito, o advogado e professor Romeu Bolfarini. Todos do PMDB. Por razões óbvias, jamais o JS obteve qualquer anúncio oficial.
Uma notinha ao pé da página 2, ao lado do Expediente, já antecipava as dificuldades. O título era Uma Voz Corajosa: “…Uma imprensa independente é o melhor tônico para o fortalecimento da comunidade. Mas, por não estar vinculada a compromissos com grupos políticos ou econômicos, encontra dificuldades para sobreviver. Só com apoio da comunidade, a imprensa livre poderá exercer seu papel de legítimo porta-voz dos anseios da população. Dê seu apoio ao Jornal da Segunda. E ganhe uma voz corajosa em defesa do interesse público.”
Passados 32 anos de teimosia cívica, a situação se mantém. Coragem, independência, compromisso com o leitor e com a sociedade, contra o boicote financeiro dos amigos do Poder.
Parabéns, Reinaldo Nunes, pela persistência.
O AUTOR – Júlio Cezar Garcia é jornalista, fundador do Jornal da Segunda