Foi triste e melancólica, na tarde fria deste sábado, dia 3 de agosto, no estádio Tonicão, a despedida do VOCEM, em Assis, na temporada 2.019, que começou tão promissora pela ótima participação na Taça São Paulo de futebol júnior.
A derrota por 2 a 0 para o Catanduva, no ‘clássico dos padres’, e o fim de qualquer possibilidade de classificação à terceira fase do Campeonato Paulista da Série B deixaram transparecer ao torcedor um cenário de equipe e diretoria completamente desanimados, cabisbaixos, e ainda procurando explicações e os culpados pelos sucessivos erros que resultaram na pior campanha do ‘Esquadrão da Fé’ após o seu retorno ao futebol profissional.
Mesmo em 2.015, quando não avançou à segunda fase, o time somou 30 pontos em 18 jogos e acumulou oito vitórias e seis empates, mas as quatro derrotas deixaram o time de Assis na quinta colocação da chave que time 10 clubes.
Foram só três vitórias em 15 partidas disputadas. O clube mariano, com altos investimentos, salários em dia, comida de boa qualidade e conforto excessivo nas viagens, venceu só dois adversários: o fragilíssimo Elosport (duas vezes) e o bom Itararé.
Nada mais.
No restante, foram cinco empates e nove derrotas.
Sob o comando de Carlinhos Alves, contratado com um currículo de três acessos para substituir Luciano Baiano, o VOCEM conquistou só duas vitórias e dois empates e sofreu quatro derrotas, mesmo a diretora tendo contratado cinco reforços indicados por ele.
Na fase inicial, faltando três rodadas, Carlinhos resolveu. Venceu dois compromissos: contra Elosport em Capão Bonito e Itararé em casa e empatou com a Santacruzense, também no Tonicão, garantindo a arriscada classificação.
O rendimento na segunda fase, no entanto, despencou. Em cinco rodadas, o VOCEM só empatou com o Catanduva, fora de casa, e perdeu os outros quatro jogos, sendo três em casa, ao lado da torcida, que também desanimou e sumiu do estádio.
Resumindo: Carlinhos Alves acumulou oito pontos nos 24 disputados, o que representa um péssimo aproveitamento de 33% para quem foi contratado com a missão de levar o time a brigar pelo acesso.
Luciano Baiano, que havia iniciado a temporada com o prestígio quase unânime junto à diretoria e torcida pelo ótimo trabalho na equipe da Taça São Paulo, nos sete jogos da Segundona computou uma vitória e três empates e sofreu três derrotas. Foram seis pontos conquistados em 21 disputados. Rendimento inferior ao do sucessor.
Na arquibancada, os resultados no campo provocaram uma outra derrota. O público, que chegou a ser superior a cinco mil torcedores em janeiro, na Taça São Paulo, despencou para a vergonhosa marca de 63 ‘testemunhas’ na despedida do time em casa, neste sábado. A renda de R$ 315,00 foi insuficiente para pagar até os gandulas que trabalham na reposição da bola em jogo.
Um verdadeiro fiasco dentro e fora de campo.
Erros sobraram na temporada, que começou com um discurso totalmente ilusório da dupla Luciano Baiano/Edmilson Pereira prometendo a independência financeira do clube com um ‘exemplar’ trabalho de base na formação e revelação de jogadores para serem negociados com grandes clubes.
Isso, de fato, começou a acontecer e a diretoria, por omissão, concedeu total autonomia à dupla, que passou a gerenciar as finanças e assumiu o controle do funcionamento do Centro de Treinamento.
O empréstimo do zagueiro e médio volante Robson, da Taça São Paulo, ao Santos Futebol Clube, com passe estipulado em R$ 400 mil e promessa de pagamento em fevereiro de 2020, era um sinal que, de fato, o projeto poderia dar certo.
Poderia.
O descontrole financeiro no funcionamento do CT e o acúmulo de dívidas junto a fornecedores, aliados ao péssimo desempenho do time profissional no Campeonato Paulista da Série B, fizeram tudo mudar.
Não apenas a dupla, mas até a diretoria foi afastada.
A partir de então, o empresário e presidente do Conselho Deliberativo, Edson de Lima Fiuza, resolveu intervir e assumiu, pessoalmente, a gestão financeira do clube junto com Lauro Valim, que passou a ter papel de ‘diretor de futebol’, que já ocupara décadas atrás.
Uma funcionária foi contratada para administrar o Centro de Treinamento e acompanhar os ‘meninos da base’.
Tudo poderia melhorar, não fosse, mais uma vez, a repetição de uma nova série de contratações erradas.
Atletas apresentados como ‘diferenciados’ para resolverem, estavam lesionados, ficaram no banco ou tiveram desempenho pífio em campo.
Dinheiro jogado fora!
Resta agora, aos poucos que ainda sobraram, juntar o cacos, pagar as contas e rediscutirem o futuro do clube no cenário do futebol profissional.
As eleições do Conselho Deliberativo, marcadas para novembro, podem ser antecipadas. Resta saber se alguém aceitará o desafio já que os principais investidores do clube nos últimos anos, Edson de Lima Fiuza, Fabiano Brambilla e Gilson Silva, o ‘Zenon’, garantem que estarão fora em 2.020.
Antes, porém, o técnico Carlinhos tenta encontrar forças, e palavras para convencer os jogadores a se manterem alojados e treinando durante a semana para viajar no final de semana e cumprir tabela na longínqua Fernandópolis contra o único time que ainda não perdeu em campo. A única derrota do já classificado ‘Fefecê’ foi provocada por W.O. (ausência) no jogo em Tupã, quando o ônibus que transportava a delegação quebrou na estrada.
“Vamos viajar para honrar as cores e a tradição do clube”, prometeu Carlinhos Alves, que contará só com um goleiro, Marcão. O contrato do titular Gabriel Jesus, inexplicavelmente, termina nesta segunda-feira, dia 5, uma semana antes do término da segunda fase.
O JOGO – A quarta derrota do VOCEM em cinco jogos da segunda fase do Campeonato Paulista da Série B, na tarde deste sábado, dia 3, no estádio Tonicão, foi acompanhada por 63 ‘testemunhas’.
Na mesma proporção da redução de público, o elenco mariano também definhou nas últimas semanas.
Carlinhos quebrou a cabeça para colocar um time em campo.
Gabriel Jesus, goleiro titular, se recupera de lesão e, à véspera do encerramento do seu contrato, ficou no banco.
O lateral esquerdo Luan Bahia, expulso contra a Itapirense, cumpriu suspensão.
Gileard, um dos poucos atacantes a permanecer no elenco desde o início da temporada, acusou uma lesão e assistiu a partida na arquibancada.
Gustavo, lateral artilheiro, deixou a equipe na véspera, assim como já haviam feito China e Mococa, e virou desfalque de última hora.
Carlinhos colocou em campo: Marcão Capivariano; Léo, Bruno, Matheus Silva e Ramon; Oliveira, Salatiel, Erivan ‘Paraíba’ e Wesley; Igor e Robinho. O banco de reservas ficou incompleto. Além Oscar, Jackson e Matheus Arroz, que entraram no transcorrer da partida, só ficaram goleiro Gabriel Jesus e o meio campista Vilson.
O placar no primeiro tempo no Tonicão só terminou empatado sem gol em razão de uma ótima defesa feita pelo goleiro Marcão, que tocou para escanteio um chute por cobertura do ataque do Catanduva, que tinha endereço certo: a rede.
No entanto, aos 11 minutos da segunda etapa, o mesmo goleiro Marcão, ao tentar despachar uma bola atrasada com perigo por sua zaga, atingiu um adversário na área. O assistente Orlando Coelho Junior acionou seu instrumento e o árbitro Rodrigo Pires marcou a penalidade máxima, convertida pelo atacante Everton, que acertou o canto superior do goleiro mariano.
Nos acréscimos, em nova falha da zaga mariana, o rápido meio campista Caio, livre de marcação na grande área, chutou sem qualquer chance de defesa para o goleiro Marcão.
Fim de jogo e do ‘clássico dos padres’ e uma festa incrível do time ‘santo’ do padre Osvaldo na terra do padre Aloísio Beline, fundador do VOCEM.
RESULTADOS DO GRUPO 7
Itapirense 1 x 2 Fernandópolis
VOCEM 0 x 2 Catanduva
CLASSIFICAÇÃO
Fernandópolis – 11 pontos
Itapirense – 8 pontos
Catanduva – 6 pontos
VOCEM – 1 ponto
ÚLTIMA RODADA
Fernandópolis x VOCEM
Catanduva x Itapirense
Imagem mostra as ‘testemunhas’ na despedida do VOCEM em Assis
Foto aérea: José Carricondo Jr.