Por: Sérgio Vieira
O Conselho Tutelar de Assis concluiu o fechamento das estatísticas de atendimento do órgão referente ao ano de 2018. É importante ressaltar que, em 2018, foram feitos 870 atendimentos, sendo 243 casos novos e 627 casos já acompanhados pelo Conselho Tutelar.
Durante o ano, foram realizadas 520 visitas.
Algo importante que deve ser destacado nestas estatísticas é a existência de territórios críticos na cidade que merecem uma atenção especial do Poder Público.
O primeiro deles compreende o Complexo Prudenciana e os problemas naquela região da cidade se acentuaram principalmente com a incorporação de dois novos bairros populosos como o Parque Colinas e o Residencial Santa Clara – e agora o Pacaembu. Outro território crítico do município é o Jardim Eldorado onde aparecem várias ocorrências. Também a região da Vila Progresso e Jardim Alvorada é um território crítico em função das várias ocorrências que ali são registradas.
De acordo com as estatísticas, as principais ocorrências verificadas estão ligadas principalmente a questão escolar, como evasão e frequência irregular em escolas estaduais e do município.
A falta de vagas em creches e escolas municipais também é preocupante. A questão da negligência familiar é outro aspecto que chama a atenção. Também é preocupante o crescimento de jovens com as drogas, número este que vem aumentando consideravelmente no município. Porém, outro item que vem trazendo preocupação é o número de jovens envolvidos com o alcoolismo.
É importante ressaltar que as regiões da vila Ribeiro, vila Prudenciana, Jardim Eldorado e vila Nova Florínea, assim como Parque Universitário, Assis III, vila Progresso e Jardim Eldorado, e agora de forma acentuada, o Parque Colinas e o Residencial Santa Clara são aquelas conhecidas no município pelo alto índice de violência e tráfico de drogas e, mesmo estando localizados em bairros periféricos, possuem determinados recursos da rede de atendimento à criança e o adolescente, embora não contemple a totalidade da população infanto-juvenil.
Na experiência dos conselheiros, a vulnerabilidade é fruto de um conjunto de condições desfavoráveis, tais como baixa renda, pouca escolaridade, desemprego e condições habitacionais precárias, e aumenta em virtude da deterioração dos vínculos familiares e comunitários, o que contribui para que essas sejam as áreas com maior registro de violações.
Os conselheiros tutelares esperam dos agentes dos poderes públicos que os números revelados por esta estatística possam ser de interesse das pessoas que cuidam do Estado que nem sempre, historicamente, não estiveram vinculadas a observações e registros numéricos. Os agentes públicos devem entender que o desenvolvimento e a organização das cidades passaram a exigir que se pense o que fazer por antecipação o que não se conhece com exatidão.
Finalizando, os conselheiros tutelares pensam que a estatística pode ser entendida como um meio, composto por saberes e por procedimentos técnicos específicos que é utilizada por governos das diferentes esferas públicas, para situar comunidades com altos índices de evasão escolar, por exemplo, como sendo de risco social. Analisar como se conduz a conduta desse conjunto de pessoas para sair da condição de evasão escolar é tomar a prática da gestão de risco como forma de garantir que necessita de saber estatístico para tomar decisões.
“Tais dados especificados através de números e bairros onde ocorrem é uma contribuição valiosa que o Conselho Tutelar oferece para que o poder público possa tomar as medidas necessárias para minimizar tais ocorrências ou mesmo extingui-las. Caso não haja uma atuação forte do poder público nesse sentido, todos os esforços realizados pelo Conselho Tutelar e órgãos que atuam com as crianças e adolescentes no município são infrutíferos”, finaliza o relatório do Conselho Tutelar de Assis.
Sérgio Vieira é o presidente do Conselho Tutelar de Assis
Foto: Assiscity