Na manhã desta quinta-feira, dia 10 de janeiro, um grupo de cinco membros do Conselho Municipal de Saúde realizou uma ‘visita surpresa’ ao Hospital Regional de Assis, onde começou a funcionar a clínica estendida de Oncologia da Santa Casa de Ourinhos, chamada por alguns de ‘puxadinho’.
Sobraram reclamações de pacientes e acompanhantes.
Sem cadeiras suficientes, pacientes e acompanhantes improvisam para se acomodarem. Até uma escadinha é usada como banco.
Alguns, sem acomodação, ficam por horas aguardando, em pé, no corredor do terceiro andar.
A cena choca.
São pacientes com máscaras tapando parte do rosto esperando serem chamados para medicação ou sessão de quimioterapia.
As janelas fechadas aumentam a sensação de calor, deixando muitos completamente suados.
Na sala de infusão, após muitas reclamações, a Santa Casa de Ourinhos decidiu instalar um aparelho ventilador de parede. A instalação aconteceu na quarta-feira.
A medida causou estranheza até para a diretora do Hospital Regional, Margareth Marusque. “Isso não poderia estar acontecendo. Ventilador na sala de infusão não é adequado e aquele andar sempre teve uma corrente de vento natural. Bastaria deixarem as janelas abertas “, explicou a diretora.
A informação de que a Santa Casa de Ourinhos pretende instalar aparelhos de ar condicionado nas salas também é refutada pela diretora do hospital. “Nosso prédio é antigo. Engenheiros e técnicos já atestaram que a fiação existente não comportaria esse aumento na carga” disse.
Segundo os conselheiros municipais de saúde, ficou evidente que “existe uma falta de diálogo entre a Santa Casa de Ourinhos e a direção do Hospital Regional. Simplesmente, eles não se falam”, concluíram.
Até mesmo o horário de funcionamento da clínica estendida é ponto de divergência entre a direção do hospital e a Santa Casa. “Nos informaram que começariam atender às 7h30 e encerrariam as atividades às 17h30, mas a equipe só chega ao hospital às 8 horas.” admitiu Margareth.
Pacientes nos corredores mostram descontentamento. ” A primeira coisa que percebemos foi que não havia ninguém de Assis para recepcionar os pacientes. Fomos agendados para às 7h30, mas apenas às 8h é que a equipe de Ourinhos chegou para abrir as salas. O espaço onde a quimioterapia é feita também não tem cadeiras para os acompanhantes, sendo que precisamos ficar em pé ou aguardando na recepção. Eu mesma sentei em uma escadinha para poder ficar ao lado da minha mãe. Outro ponto é que não tinha nem um ventilador para refrescar, sendo que nesses dias temos enfrentado altas temperaturas e está muito calor na cidade”, escreveu a acompanhante de uma paciente, numa rede social.
Quando o Hospital Regional de Assis oferecia o serviço de oncologia, de forma direta, uma equipe de voluntárias da cidade era responsável pelo acolhimento dos pacientes e familiares.
“Agora não tem ninguém para nos receber. Nem um cafezinho nos é oferecido”, protestou um dos pacientes, ouvido pelos conselheiros.
Ao portal de notícias Assiscity, a presidente da Associação das Voluntárias de Combate ao Câncer, Rosane Bitencourt, lamentou a situação: “Os voluntários da AVCCA desconheciam que havia iniciado o tratamento da quimioterapia. Não fomos informados nem por Ourinhos, que é a prestadora do serviço, nem pelo hospital, que alega que a comunicação deve ser feita pela prestadora. Ficamos muito chateados, porque acompanhamos cada passo do retorno do atendimento para Assis. Nesta quinta-feira, 10, nós participaremos de uma reunião na Câmara de Assis para ver se Ourinhos aceita que a Associação dê o acolhimento aos pacientes. Frisando sempre que os pacientes são as nossas prioridades e tudo o que fazemos é para que eles estejam bem assistidos durante o tratamento oncológico”, disse Rosane.
Da equipe de profissionais da Santa Casa de Ourinhos, ninguém quis se manifestar ou mesmo atender os conselheiros municipais de saúde. “Qualquer informação, procurem a direção da Santa Casa de Ourinhos”, orientou um deles.
Segundo a presidente do Conselho Municipal de Saúde, Cátia Auxiliadora, todos os relatos e depoimentos de pacientes e acompanhantes serão encaminhados ao Juiz Federal Luciano Tertuliano, que prolatou uma sentença obrigando o Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual da Saúde a recredenciarem o hospital como Unidade de Oncologia.
“Autoridades que não respeitam a Justiça, jamais respeitarão o povo”, resume ela.
Conselheiros de saúde visitaram o Hospital Regional