Comentários de possível dobradinha José Fernandes/Tatu agitam cenário político regional

Os rumores de uma possível dobradinha do prefeito de Assis, José Fernandes, candidato a deputado federal, e do ex-prefeito de Maracaí, Eduardo Sotana ‘Tatu’, como candidato a deputado estadual, agitaram o cenário político regional nos últimos dias.

Sotana admitiu ao Jornal da Segunda que, somente nesta quarta-feira, recebeu quase uma centena de mensagens em seu telefone celular de eleitores querendo saber se os comentários eram verdadeiros.

Os rumores aumentaram depois que os dois foram vistos juntos, num restaurante em Maracaí.

Oficialmente, a justificativa pelo encontro foi “uma troca de informações sobre os projetos do ex-prefeito de Maracaí que poderão ser implantados em Assis”, mas, para alguns atentos observadores da política regional, o ingrediente principal do dia teria sido o início das articulações para as eleições de 2022.

Faltando menos de um ano para as eleições que definirão o próximo Presidente da República, Governadores de Estados, Senadores, Deputados Federais e Estaduais, a movimentação nos bastidores da política já começou em várias regiões e também no Vale do Paranapanema.

O estopim da fogueira eleitoral regional foi aceso pelo ex-prefeito de Assis, Ricardo Pinheiro Santana.

Possível candidato a deputado estadual, Pinheiro deixou o PSDB para migrar à legenda do ex-Governador Geraldo Alckmin, que também saiu do ninho tucano por divergência com João Dória, que controla o partido no estado. O pindamonhangabense deve escolher ancorar entre o PSD, onde tem convite para ser candidato a Governador, ou o PSB, onde é aventada a possibilidade de ser candidato a vice-presidente da República do petista Lula, teste que parece mais improvável.

Ricardo Pinheiro, em entrevista ao Jornal de Assis na semana passada, propôs uma ampla discussão das diferentes e divergentes forças políticas para tentar lançar apenas uma dupla de candidaturas, a deputado estadual e outra federal, que brote nos municípios do Vale e seja apoiada pelas demais lideranças regionais.

NO CAMPO – Enquanto Pinheiro propõe algo que, para muitos, pode parecer utopia, o prefeito de Assis José Aparecido Fernandes decidiu arregaçar as mangas, calçar as botinas e sair a campo para iniciar as sondagens visando pavimentar uma possível candidatura a deputado federal.

Claro que ele e seus aliados, nesse momento, negam veementemente essa pretensão, que passaria por uma necessária renúncia da chefia do Poder Executivo. Consequentemente, a cadeira de prefeito cairia no colo do vice Aref Sabeh nos próximos dois anos e meio.

Há quem sustente que a arriscada campanha de Fernandes, presenteando Sabeh com o cargo por mais de dois anos, teria sido um acordo celebrado antes mesmo da convenção do PSDB de Assis, quando o grupo de Ricardo Pinheiro foi destituído pelo grupo de Sabeh, para se coligar com o PDT.

Além desses comentários, que mais parecem boatos restritos aos bastidores, começaram a surgir fatos que sinalizam uma movimentação de Fernandes na tentativa de uma possível mudança domiciliar de Assis para Brasília.

MARACAÍ – Com a justificativa de que estaria interessado em conhecer alguns projetos do vizinho município na gestão anterior, antes de um aperitivo e outro no restaurante do comerciante conhecido como ‘Canela’, Fernandes teria acenado a Sotana uma possível dobradinha regional.

Indagado sobre o assunto pelo Jornal da Segunda na noite desta quarta-feira, Tatu confirmou o encontro, mas tergiversou: ” A gente gosta do que faz, mas, nesse momento, tenho compromisso com nossos deputados Reinaldo Alguz (estadual) e Enrico Misasi (federal)”, esquivou-se, diplomaticamente.

Após o encontro ‘para troca de informações’, na hora em que Fernandes “foi dar um abraço” no amigo Canela, dono de um restaurante em Maracaí, um representante comercial de Cândido Mota que passava pela cidade e parou para uma refeição, a poucos metros de distância da mesa dos políticos, observou uma cena curiosa.

O representante comercial disse a um amigo, vereador em Assis, ter visto o prefeito José Fernandes pedir emprestado o telefone celular do dono do restaurante para fazer uma ligação a alguém -que não conseguiu identificar- para sondar o que ele achava de uma provável dobradinha. Os sorrisos de ambos políticos, ao final da ligação telefônica, segundo o candidomotense, sugerem que a conversa parece ter sido muito produtiva e a primeira de muitos outras.

RENÚNCIA – Caso decida enfrentar as urnas em 2022, de acordo com a legislação eleitoral, José Fernandes precisará renunciar à Prefeitura de Assis.

“Faltando mais de dois anos e meio para concluir o seu mandato para tentar algo tão arriscado, jamais passaria pela cabeça dele (Fernandes)”, garantiram dois vereadores de Assis, ouvidos pelo Jornal da Segunda, sob a condição do anonimato.

No entanto, um aliado de José Fernandes acha plenamente possível. “O Zé é uma grande liderança regional. Já fez um ótimo trabalho em Assis nos cinco anos e pode, facilmente ser reconhecido por isso e ser eleito para contribuir com a nossa região”, aposta. Segundo o mesmo aliado, o primeiro passo para colocar em prática a candidatura a deputado será trocar o PDT pelo PSDB.

Se isso ocorrer, será a quarta troca de legenda do prefeito em sua carreira política.

Fernandes foi eleito vereador pelo PV.

Depois, aproveitando a popularidade do Governo Lula, decidiu se transferir para o PT.

Quando o partido começou a ser alvo de ataques da mídia, Fernandes, após ter sido reeleito vereador, candidato a prefeito e deputado estadual pelo PT, abandonou a legenda para se filiar ao PDT, onde foi eleito e reeleito prefeito de Assis.

zé e tatu

José Fernandes, Sabeh e Eduardo Sotana ‘Tatu’
Imagem: Arquivo PMA

 

 

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