A coluna ‘Memória Mariana’, que o JSOL –Jornal da Segunda On Line– publica periodicamente com a finalidade de resgatar fração da história de ex-jogadores do VOCEM que não estão mais residindo na cidade de Assis, foi conversar com o zagueiro assisense ‘Chicão’, que morou grande parte de sua vida na vila Ribeiro e teve passagem pelas categorias de base do Corinthians Paulista e uma grande oportunidade para atuar no futebol europeu.
José Francisco Rossi Filho, o ‘Chicão’, nasceu no dia 30 de janeiro de 1964, na cidade de Assis.
Atualmente, aos 56 anos de idade, está aposentado e mora com uma das irmãs, em Junqueirópolis, na região de Presidente Prudente.
“Jogar futebol está no meu sangue. Foi o que mais gostei de fazer na minha vida”, começa o zagueiro, que deu seus primeiros chutes nas ruas de terra da vila Ribeiro, onde passou a infância e juventude.
Ainda jovem, Chicão foi contratado pelo Corinthians Paulista para atuar na equipe júnior do time da capital.
O zagueiro vestiu a camisa do VOCEM, pela primeira, vez na temporada de 1983, aos 19 anos de idade, quando o técnico era Abílio Martins, o ‘Muca’.
Além do ‘Esquadrão da Fé’, Chicão defendeu as cores da Esportiva Santacruzense, de Santa Cruz do Rio Pardo, e do Palmital Atlético Clube, o PAC. Nos dois times conquistou título e acesso de divisão.
O zagueiro ‘que não brincava em serviço’, confirmam os amigos, também atuou pelo Dracena, Matsubara-PR, XV de Novembro de Piracicaba e União Bandeirantes, no futebol paranaense.
No ano de 1989, Chicão voltou para sua última passagem pelo VOCEM, quando foi obrigado a encerrou, precocemente, sua carreira de jogador profissional de futebol: “Meu ciclo esportivo começou e terminou em Assis”, resume.
Uma cirurgia no joelho direito, lesionado numa disputa de lance em jogo contra o Clube Atlético Linense fez com que o forte e viril zagueiro tivesse que abandonar, definitivamente, o futebol, aos 25 anos de idade.
Chicão explica dois fatos marcantes em suas passagens pelo VOCEM. Uma era “a força e motivação que a torcida lhe transmitiam das arquibancadas”. A outra era apoio diário de sua mãe. “Jogando em Assis, todos os dias ela me abraçava, me incentivando antes e depois de cada partida, independente do resultado”, lembra, com saudade.
Chicão na zaga do VOCEM, em 1988, num amistoso em Pedrinhas Pta.
Além de atuar na base do Corinthians, Chicão desperdiçou uma rara oportunidade de jogar no futebol europeu, mas sequer lamenta.
Chicão também não se arrepende de ter recusado o convite para se transferir de país. “De fato, eu tive essa proposta para atuar na Itália, mas, naquele ano, minha mãe passou por uma delicada cirurgia no intestino, e eu preferi ficar no Brasil, ao lado dela”, conta o zagueiro.
Além da cirurgia no joelho, que interrompeu a carreira de jogador, Chicão teve outro drama na vida.
Ele revela, com exclusividade, que, num final de tarde, nos idos de 1999, logo após retornar de uma caminhada diária de 20 km, que sempre fazia, indo e voltando de Cândido Mota por uma estrada de terra, sua irmã lhe avisou que amigos tinham passado em sua casa para convidarem para receber uma homenagem.
“Só aceitei ir na homenagem com a condição de ser junto com minha irmã, no carro dela, para evitar que eu tivesse que dirigir na volta e me expor ao risco de dormir ao volante após o consumo de bebida na festa”, garante.
Na volta da confraternização em sua homenagem, chegando perto da Catedral, Chicão pediu para irmã estacionar, que ele iria passar alguns momentos numa lanchonete.
“Eu sentei e notei um casal se aproximando, andando pela calçada. Percebi que eles estavam discutindo, mas, de repente, o homem sacou um revólver e atirou em direção à mulher, mas o tiro atingiu na cabeça”, conta o zagueiro, que passou várias semanas internado, até conseguir se recuperar.
Mesmo assim, até hoje tem sequelas do tiro que quase lhe tirou a vida.
Chicão conta que, mesmo se aposentado como jogador, ele não abandonou o futebol.
Graças a ajuda do amigo Roberto Carlos Amorielli, o ‘Mé’, ele começou a dar aulas na Escolinha Peraltinha, nas proximidades do antigo Colégio Diocesano.
Depois, Chicão se mudou para Junqueirópolis, na região de Presidente Prudente, onde começou a atuar na Secretaria Municipal de Esportes.
Dando aulas na escolinha de futebol, Chicão trabalhou 16 anos, com aulas nos três períodos: cedo, tarde e noite. “Nunca faltei um dia no serviço em todo esse período, nem quando fazia muito frio ou chovia. Eu era o primeiro a chegar e último a sair”, conta, cheio de orgulho.
Os problemas de saúde, acumulado ao tempo de serviço ‘com carteira assinada’ permitiram ao assisense José Francisco Rossi Filho ‘Chicão a conseguir sua aposentadoria no trabalho, mas não do esporte.
Só trocou o futebol pelo atletismo.
Apesar da dificuldade de locomoção, que impede parte de seus movimentos, Chicão começou a se dedicar e treinar, diariamente, para provas de arremesso de peso e lançamento do disco, representando a cidade que mora.
“Todo ano, eu subo no pódio. Já conquistei dezenas de troféus e medalhas nas categorias que participo, até mesmo em Jogos Regionais e Jogos Abertos”, comemora.
A grande tristeza de sua vida, conta Chicão, foi perder a mãe.
Atualmente, Chicão mora com a irmã Luize e os sobrinhos Ludimila e Leonardo em Junqueirópolis, onde também mora sua outra irmã, Leonor.
Chicão se casou em Santa Cruz do Rio Pardo, quando jogava pela Esportiva Santacruzense.
O matrimônio terminou, mas dele Chicão teve um filho, que hoje está com 37 anos de idade.
Essa é uma pequena parte da vida do zagueiro José Francisco Rossi Filho, o ‘Chicão’. Seus 1m93 de altura e os quase 100 kg de massa corpórea formada por muito músculo, eram a segurança na zaga mariana, aliados à sua força física e seriedade.
Até hoje ‘Chicão’ é lembrado como um dos grandes valores revelados no futebol de Assis que fez da paixão pelo futebol a sua profissão.
Chicão atualmente mora em Junqueirópolis