O professor e escritor Pedro Mercadante Leite do Canto, que completaria 90 anos de idade na próxima semana, dia 5 de abril, morreu na tarde desta quinta-feira, dia 29 de março, no Hospital Regional de Assis. O corpo está sendo velado na sala Vip do Centro Funerário São Vicente, na avenida Abílio Duarte de Souza. O horário do sepultamento ainda não foi definido.
A pedido do JSOL – Jornal da Segunda On Line – o jornalista Sérgio Vieira, amigo do professor e escritor Pedro Mercadante, escreveu o artigo intitulado: “Um minuto de aplausos para Pedro Mercadante”
Por: Sérgio Vieira
Às vésperas da Sexta-Feira da Paixão, uma notícia enluta e entristece a comunidade assisense.
Morre o professor de Português e Latim, Pedro Mercadante. Uma pessoa maravilhosa que conheci quando trabalhei em “Voz da Terra”, pois me procurava semanalmente para publicar os seus artigos na página 2 do jornal.
A partir daí, foi possível construir uma sólida amizade que não termina com sua morte, mas prossegue para a vida toda – e com certeza para a eternidade. Em pouco tempo, perdemos (perdi) duas pessoas que estimava muito: o Luiz Gonzaga, pai do Adriano (que sempre me cumprimentava e trocava de calçada para me abraçar) e agora, o Pedro Mercadante.
Mercadante era uma pessoa extremamente culta, difícil hoje de encontrar em um quadro onde prepondera os ataques quando se emite uma opinião. Ele era extremamente respeitoso com sua opinião, e via de regra, comungávamos com os mesmos pensamentos. Ele comentava a respeito da sua época de professor, o quanto era diferente da época atual quando jovens não respeitam aqueles que tentam lhe preparar para uma vida profissional e são o retrato de um Brasil horroroso que uma elite perversa insiste em construir.
Mas, Pedro Mercadante foi protagonista em momentos difíceis da minha passagem no jornal “Voz da Terra”. Quando saí do jornal em 2015, após uma intensa perseguição e uma sórdida campanha desenvolvida em seu interior para que pedisse demissão, Pedro escreveu um artigo maravilhoso que guardo – e guardarei – para sempre. O artigo foi publicado no “Jornal de Assis” porque os aprendizes de ditadores que comandavam o jornal então – e hoje, também desapareceram – impediram que ali fosse publicado. Ele tentou interferir na época para que o jornal não me demitisse junto ao seu proprietário. Mas, claro, não obteve sucesso.
Porém, esta gratidão vou carregar comigo para sempre. Outra gratidão que não vou esquecer é que na data do meu aniversário (28 de setembro), pontualmente, todos os anos, por volta das 9 horas, o meu telefone celular tocava com ele do outro lado da linha me
cumprimentando. No ano passado, isso aconteceu, e ele recitou belos versos para comemorar o meu aniversário. A última vez que falei com ele foi há cerca de dois meses quando lhe telefonei para verificar como estava o seu estado de saúde. Ele disse que estava se recuperando de uma cirurgia no coração, mas, era possível, observar que sua voz estava fraca.
Uma pena que não foi possível conversar mais com ele. Pedro foi embora e deixa uma lacuna impossível de ser preenchida. Ele vai ficar eternamente em nossas memórias, e, desde já, sugiro que os vereadores ou o prefeito José Fernandes o homenageie com o nome de uma rua ou espaço público em Assis. É uma pequena homenagem que os assisenses poderiam fazer para ele. E, desde já, vou sentir saudade. Principalmente porque no dia do meu aniversário, o meu telefone, infelizmente, ficará mudo porque o Pedro não mais me ligará me cumprimentando pelo meu aniversário.
O autor do artigo, Sérgio Vieira, é jornalista, professor de História e Conselheiro Tutelar.
Foto: Dagoberto Nogueira