Por: Márcio Santilli
Francisco nos deixa em 21 de abril, aos 88 anos. Homem simples, humilde, que teve uma existência gloriosa. Fica um legado maravilhoso, na defesa das pessoas e dos países mais pobres. Peregrinou por todos os continentes, interagiu com as demais religiões e com os não religiosos comprometidos com a justiça social, acolheu os diferentes, inclusive os discriminados e esquecidos pela própria Igreja Católica no passado.
Não faltarão homenagens e louvores a Francisco no mundo todo, inclusive dos hipócritas que o detonaram e o desrespeitaram, defensores da injustiça que são, mas que, agora, se esconderão de si mesmos, o que não deixa de ser muito significativo e revelador da hegemonia da justiça numa Terra atribulada, dividida e ameaçada por sua própria destruição.
Em maio de 2015, Francisco divulgou a encíclica “Laudato Si (Louvado Sejas) – Sobre o Cuidado com a Nossa Casa Comum”, criticando o consumismo e o crescimento econômico excludente, e apelando à consciência e à unidade das pessoas e dos governos para enfrentar a degradação ambiental e as mudanças climáticas, o maior desafio do nosso tempo.
Se a natureza resulta de uma obra legada à humanidade por Deus, a sua destruição é a pior atitude que pode haver. Francisco confrontou poderosos interesses ao defender a integridade da Criação, o que é a sua maior herança.
O autor, Márcio Santilli, é filósofo, sócio-fundador do Instituto Socioambiental (ISA). Autor do livro Subvertendo a gramática e outras crônicas socioambientais. Deputado federal pelo PMDB (1983-1987) e presidente da Funai de 1995 a 1996.