As festividades de comemoração dos 65 anos da UNESP não se resumiram ao dia 16 de agosto -data da fundação- e contaram com eventos esportivos, debates sobre o papel da universidade na comunidade regional e uma justa homenagem ao saudoso professor Juvenal Zanchetta Júnior.
Na quarta-feira, dia 16, a professora doutora Karen Adriane Henschel Pobbe Ramos (foto acima),
chefe do Departamento de Estudos Linguísticos, Literários e da Educação, fez a leitura de um texto produzido pelos professores João Luís Ceccantini e Eliane Galvão durante a inauguração de uma sala no prédio de Letras, que homenageia o saudoso professor doutor Juvenal Zanchetta Júnior que, durante anos, também foi colaborador do Jornal da Segunda.
Texto: João Luís Ceccantini e Eliane Galvão
Nada nos parece mais apropriado, no presente contexto, do que esta homenagem póstuma que o Departamento de Educação decidiu fazer ao Professor Doutor Juvenal Zanchetta Jr., ao atribuir seu nome à sala 1 do Prédio de Letras, que agora passa a constituir o “Laboratório de Prática de Ensino da Área de Educação”.
A trajetória do professor na Faculdade de Ciências e Letras de Assis, integrada à Universidade Estadual Paulista/ UNESP, traçada desde o início da década de 1980, como aluno da casa, até o início desta década, período em que exerceu seu brilhante trabalho de docência, pesquisa e extensão junto ao Departamento de Educação, esteve, sem dúvida, plenamente afinada com os propósitos de um espaço como este que é agora inaugurado.
O projeto profissional desenvolvido por Juvenal Zanchetta Jr. ao longo de sua atuação na Instituição sempre esteve muito empenhado em contemplar e integrar, de forma plena, teoria e prática, nas mais variadas instâncias em que se desenvolve o trabalho docente, buscando transmitir de forma bastante vibrante essa visão às novas gerações que frequentaram esta Instituição.
A formação de Juvenal Zanchetta foi marcada pela particularidade de ter cursado a Graduação em Letras na Unesp de Assis e a Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado) na Unesp de Marília, sendo, nos dois casos, balizada pela figura emblemática da também saudosa professora Maria Alice de Oliveira Faria, eminente profissional, que atuou de forma brilhante nos dois cursos e cujo trabalho alcançou amplo reconhecimento não apenas em âmbito local, mas também nacional.
E justamente uma pauta incansável dessa brilhante professora e pesquisadora, pauta também abraçada de forma plena por Zanchetta ao longo de sua trajetória profissional, foi a de que os cursos de licenciatura em Letras – no âmbito da docência, da pesquisa e da extensão – contemplassem o maior número possível de projetos, iniciativas e ações que pudessem contribuir para uma formação efetiva e de qualidade de nossos alunos.
Ou seja, uma formação capaz de torná-los profissionais capazes de atuar de forma integrada no campo das Letras e da Educação, aproximando continuamente conteúdos e metodologias de áreas como a Linguística, a Literatura e a Educação.
Boa parte da produção bibliográfica científica e de divulgação de Juvenal e Maria Alice, que, aliás foram coautores em alguns desses trabalhos, apontam para essa necessária integração de teoria e prática, contexto em que se insere plenamente a inauguração deste Laboratório.
Assim, é com profundo respeito e carinho que prestamos esta homenagem ao nosso querido amigo e importante intelectual Doutor Juvenal Zanchetta Júnior, uma figura inspiradora e dedicada à Universidade Estadual Paulista (Unesp).
É imperativo aqui valorizar sua postura de docente e pesquisador largamente comprometido tanto com a investigação científica de ponta quanto com um trabalho rigoroso de divulgação científica e segundo altos padrões de qualidade, sempre consciente do papel amplamente político desse trabalho para o avanço da educação e da cidadania em nosso país.
Sua contribuição inestimável para o ensino e a sociedade resultou em um significativo legado que tem impactado seu campo de atuação, em pesquisas que abordam, de forma integrada, leitura, literatura e formação do leitor, assim como o papel fundamental da imprensa na formação da cidadania.
Em sua trajetória como pesquisador sempre rompeu com barreiras e firmou pontes entre a Rede Pública e a Universidade, revelando seu compromisso com a excelência acadêmica e o avanço do conhecimento, sobretudo, no que tange à democratização da ciência, da educação, da arte e da cultura de um modo geral. Alguns títulos que publicou podem ser lembrados para ilustrar a relevância de sua produção científica e de divulgação: Para ler e fazer o jornal na sala de aula (Editora Contexto, 2002), em coautoria com a professora Maria Alice Faria; Imprensa escrita e telejornal (Editora Unesp, 2004); Como usar a internet na sala de aula (Editora Contexto, 2012), entre tantos outros livros e inúmeros artigos científicos e de divulgação, todos da maior relevância para a área.
Sua paixão pelo ensino e seu aguçado senso de humor cativou seus alunos, orientandos e demais pesquisadores, disseminando não apenas a sabedoria e expertise acumulada ao longo de sua carreira, mas também os valores de integridade, curiosidade, rigor e perseverança.
Seu trabalho incansável de docência e pesquisa ampliou debates intelectuais e enriqueceu não apenas a Unesp, mas a comunidade científica em geral. Suas contribuições para o avanço do saber têm iluminado novos caminhos e aberto portas para a compreensão mais profunda das questões fulcrais de sua área de atuação. Sua dedicação à investigação científica revelou a importância de questionar, explorar e desafiar constantemente as fronteiras do conhecimento.
Além de suas realizações acadêmicas, também mostrou um comprometimento admirável com a prestação de serviços à sociedade. Sua liderança e seu envolvimento em projetos comunitários e de extensão, sua atuação política e sua crítica veiculada em meios de comunicação diversos do município e região, evidenciaram sua consciência social e a vontade de impactar positivamente a vida das pessoas ao seu redor.
Com esta homenagem – que muito provavelmente Juvenal rejeitaria, por autêntica modéstia intelectual e com seu jeito, conhecido de todos, ao mesmo tempo bem-humorado e, paradoxalmente, ranzinza – celebramos não somente suas conquistas acadêmicas, mas em especial a pessoa incrível que sempre foi.
Sua dedicação à profissão, seu rigor intelectual, sua humildade científica, seu engajamento político e, sobretudo, sua profunda empatia pelos educadores – em formação ou já em exercício –, prosseguem como inspiração para todos nós, lembrando-nos da importância de buscar a excelência em nossas próprias jornadas e contribuir continuamente para o desenvolvimento da ciência e da educação e, de um modo mais amplo, um mundo melhor.
QUEM FOI – Juvenal Zanchetta Júnior foi professor da UNESP e do Centro Paula Souza.
Foi assessor de comunicação do ex-prefeito José Santilli Sobrinho.
Na imprensa, trabalhou como radialista e jornalista, tendo colaborado com a fundação do Jornal da Segunda.
Zanchetta morreu no dia 5 de março, de 2020, aos 56 anos, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, onde realizava tratamento contra um câncer.
Juvenal era casado com Vilma Spinosa e deixou a filha Clara Spinosa Zancheta