E agora, meu amiguinho?

Na segunda-feira, do leito que ocupava na UPA, você me mandou uma mensagem: “estou mal, amiguinho!”

Tentei confortá-lo: “Vai passar. Tenha fé!”, disse.

Além do medo da terrível doença que lhe atingira e da angústia pela demora em liberarem uma vaga em hospital, imagino que você tenha lido a notícia da morte do nosso amigo ‘Alemão’, que o abalou ainda mais.

Nervoso e apreensivo, foi preciso uma enfermeira para tentar acalmá-lo.

Naquele mesmo dia, saiu sua transferência para o Hospital Regional.

Diferente do que todos imaginávamos, as notícias só foram piorando, até que, na noite deste sábado, dia 5 de junho, chegou a informação do seu apito final.

Terminou o jogo para você, amiguinho!

E agora?

Com quem assistirei aos treinos do VOCEM, naquele nosso banco, atrás do gol de entrada na Assis Diesel?

A quem recorrerei para fazer uma análise dos jogadores ao final de cada treino ou partida no Tonicão?

Com quem farei aquelas caminhadas ‘malucas’ nas manhãs de sábado?

Quem me dará ‘trabalho’ nos ensaios da bateria da nossa querida Unidos da V.O., a quem você, solitariamente, num desfile na avenida Rui Barbosa, ergueu um cartaz escrito: ‘Nota 10’.

Quem me telefonará, às altas horas da noite, para repetir que sou “um dos seus cinco melhores amigos”?

Na mesa do bar da Tânia, quem assistirei dando aqueles ‘pregos’ de esconder a bola, para irritação dos seus oponentes?

E agora, amiguinho?

Nosso amigo ‘Pelé’ partiu, dias antes, sem confirmar que você treinou e jogou no XV de Jaú.

Não importa, amiguinho, se você jogou ou não no XV de Jaú.

Não me importa saber se você tinha um zap na mão nas rodadas de truco, que invadiam madrugadas.

Para mim, você ficará marcado na mente como o ‘Zico’ dos campos de terra, na vila Tênis Clube, em nossos ‘rachas’ de infância.

Do torcedor que conseguiu interromper uma partida de basquete no GEMA, onde você ergueu taças da Copa Assis de futebol de salão.

Do amigo de copo e conversas longas, me obrigando a responder, a cada cinco minutos, se você era um cara legal.

Do companheiro presente nas sessões da Câmara Municipal, sempre atento aos meus pronunciamentos na tribuna.

Chegou ao fim.

Contra essa terrível doença, você não conseguiu ter um zap na última mão, dar um prego na bola 15 e nem mesmo um elástico na cara do gol.

Valeu, meu amiguinho Edmar, nosso ‘Pica Pau’!

Que Deus o receba e possa consolar a esposa Valquiria, suas filhas, seus pais e irmãos.

Abraços do seu amiguinho Português!

06 junho pica pau

Edmar Frutuoso, o ‘Pica Pau’.

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