Cidade recebe o ‘Rock Inverno’ com a banda Golpe de Estado

rock de inverno deitado

Após cinco dias de um verdadeiro tsunami de música sertaneja, com total apoio e incentivo do Poder Público, chegou a vez dos amantes do rock terem uma oportunidade de assistir a uma das melhores bandas do gênero que, assim como muitas, acabou sendo esmagada pelas produtoras e órgãos de mídia, que preferem apostar apenas nos produtos comerciais, escondendo os músicos e composições que levam o ouvinte a também refletir sobre questões sociais.

Diferente do sertanejo universitário, que teve o apoio da Prefeitura Municipal de Assis oferecendo toda a estrutura do Parque de Exposições Jorge Alves de Oliveira para realizar cinco dias de Ficar, o ‘Rock Inverno’, que acontece na noite deste sábado, dia 22, no Clube Recreativo, só será possível graças a iniciativa dos empreendedores da casa Madame Guedes de Assis em parceria com a rádio Rock, através do programa Rota do Rock.

“Estamos trazendo, junto com a Rota do Rock, o velho e bom rock de volta a Assis”, comemora a empresária Ana Guedes, entusiasmada com a receptividade encontrada nas últimas semanas. “Muita gente tem procurado informações e convites para prestigiar o evento”, diz.

O show com quatro bandas, sendo três da própria cidade, começa às 22 horas, com um palco montado em frente ao Clube Recreativo com o “rocker man” em solos de guitarra para receber e agitar o público que começará a chegar.

No interior do Recreativo, a primeira banda a se apresentar, por volta das 23 horas, será “Contato Imediato”, do vocalista André Luiz, no palco principal.

Logo depois, se apresentará o grupo Lotus 13, com destaque para música autoral no palco mezanino.

A banda assisense Alquimia sobe ao palco quando os ponteiros se unirem no número 12, exatamente à meia noite.

Antes da atração principal, a banda Lotus 13 e ‘rocker man’ se juntam no palco mezanino para uma perfomance conjunta.

Por volta da 1h30, os novos integrantes da tão aguardada banda Golpe de Estado soltarão os primeiros acordes graves e agudos de suas guitarras e contra-baixo, acompanhados de uma percussão e voz inigualáveis para uma apresentação considerada pelos organizadores como ‘imperdível’.

“Quem não assistir, se arrependerá por perder um grande show, que faz parte da turnê de 30 anos de um grupo que foi referência no rock nacional nos anos 80 “, adverte Ana Guedes.

GOLPE DE ESTADO – No final de 1985, na capital paulista, Nélson Brito (baixo) e Paulo Zinner (bateria) tocavam no Fickle-Pickle, onde posteriormente entrou – e saiu rapidamente – o vocalista Catalau. Este projeto não durou muito, e o trio somente se reuniu novamente quando encontraram o guitarrista Hélcio Aguirra, integrante do Harppia.

Com o entrosamento entre seus músicos, Hélcio passa a se dedicar somente ao Golpe de Estado, cujas canções eram predominantemente hard rock, mas com muita influência de algo de heavy metal, além de serem cantadas em português. Em menos de um ano já tocavam pelos teatros e bares de sua cidade, e toda a recepção do público rapidamente culminou num primeiro registro, feito por Luiz Calanca, do Baratos Afins.

Simplesmente batizado de Golpe de Estado, o disco chegou ao mercado em 1986 com certa diferença em sua concepção, pois era um vinil com um dos lados em rotação 33 rpm e o outro em 45. Com a confusão na hora de tocar o vinil, muitos ouvintes das rádios paulistanas acabaram ouvindo “Olhos de guerra” na rotação errada.

O álbum vende rapidamente cinco mil cópias, um número considerável em se tratando de um lançamento independente. Sem conseguir assinar com uma grande gravadora, partem para o segundo disco, novamente pelo Baratos Afins. Forçando a Barra sai em 1988 e até contou com a participação da dupla Arnaldo Antunes e Branco Mello (Titãs) em ‘Onde há fumaça, há fogo’. Naturalmente bem mais coeso que o trabalho anterior, as canções estavam soando ainda mais rock n´roll e até mesmo mais dançante, e faixas como Moon dog, Parte do inferno, Noite de balada e Cobra criada foram muito bem aceitas pelos fãs.

‘Nem Polícia Nem Bandido’ chega em 1989 pela gravadora Eldorado, e com este disco abriram para o Jethro Tull e Nazareth. Com os estabelecimentos onde tocavam sempre cheios, o Golpe de Estado já estava consolidado na cena paulistana, inclusive tocando com certa frequência na rádio FM 97 Rock.

O próximo álbum, sugestivamente chamado Quarto Golpe, sai em 1991. Os arranjos trazem mais influência de rock n´roll que anteriormente. Com este álbum, abrem para o Deep Purple, para a felicidade total de Zinner, que alegou ter nesta banda sua maior influência.

Em 1994 lançam Zumbi, o primeiro álbum a ser lançado no formato CD, onde optaram por um caminho diferente do que haviam seguido até então; a faixa-título, por exemplo, teve sua letra escrita por Rita Lee, além de cantarem sua primeira canção em inglês, “Slow Down”, juntamente com covers de “My Generation”, do The Who e “Hino de Duran”, de Chico Buarque.

Com Zumbi também começam alguns problemas para o Golpe de Estado; a gravadora Eldorado se perdeu no planejamento, liberando apenas 2000 CDs iniciais, que se esgotaram rapidamente, além dos boatos de que Zinner estaria deixando o Golpe, surgidos após o baterista também passar a tocar na banda de Rita Lee.

No próximo álbum, o primeiro ao vivo (chamado Dez Anos ao Vivo), que saiu pela Paradoxx Music em 1996, o Golpe de Estado teve sua primeira mudança na formação, com a saída de Catalau. Problemas pessoais fizeram com que ele deixasse de cumprir seus compromissos profissionais, chegando a perder um show e a não comparecer no estúdio para gravar duas canções que também entrariam para neste disco. Quem assumiu o vocal foi Rogério Fernandes (Fickle Pickle e Eletric Funeral) nas canções Todo mundo tem um lado bicho e Cada um bate de um jeito.

Durante o ano de 1999, com o retorno de Catalau à banda, fazem diversas apresentações em grandes festivais. No ano seguinte quem assume de vez o microfone é Kiko Muller, que traz sua voz no álbum Pra Poder, de 2004, com produção musical assinada pela própria banda.

Em 2008 a música Real Valor foi utilizada em um projeto social. A banda Porto Cinco idealizou um projeto social que levava o nome da música do Golpe de Estado, o Projeto Real Valor. A banda regravou a música Real Valor e disponibilizou para baixar na web à um valor em dinheiro, a exemplo de muitas bandas como U2 e Green Day. O projeto se estendeu por 6 meses, e teve por objetivo arrecadar fundos para a CUFA (Central Única das Favelas). O projeto ainda foi apoiado por Catalau, ex-vocalista da banda e compositor da música.

Em março de 2010 entram na banda Dino Linardi e Roby Pontes, respectivamente nos lugares de Kiko Muller e Paulo Zinner. No mesmo ano a banda retoma o ritmo de shows e compõe o que viria a ser o novo disco inédito, “Direto do Fronte”. Em 2011, revigorada e em plena atividade a banda entra no famoso estúdio Mosh e grava o disco “Direto do Fronte” que conta conta com a participação de Dinho Ouro Preto.

Em 2012 a banda retorna com força total com o lançamento do disco “Direto do Fronte” pela gravadora Substancial Music e inicia a turnê de divulgação desde disco. Nos shows, além das inéditas, do recém-lançado álbum, “Direto do Fronte” (muito bem faladas pela crítica e fãs), embala novamente canções que fizeram a cabeça de muitos da geração dos 80.

No fim de 2012, a gravadora Substancial Music relança os álbuns “Nem Polícia, Nem Bandido”, “Quarto Golpe”, “Zumbi” em versões remasterizadas e com novo encarte.

Em 2014, Hélcio Aguirra, um dos integrantes fundadores da banda Golpe de Estado, morreu aos 54 anos. O guitarrista foi encontrado pela irmã em seu apartamento em São Paulo e faleceu enquanto dormia.

Com quase três décadas de carreira, o Golpe de Estado marcou época no rock nacional, principalmente no cenário underground, entre os anos 1980 e 1990. A banda viajava o Brasil com shows de divulgação do álbum Direto do Fronte (2012), seu oitavo e último trabalho da carreira.

A banda encerrou suas atividades em 10 de Junho de 2015, através de um comunicado feito pelo baixista Nélson Brito. O último show foi feito em 15 de Janeiro.

Em janeiro do 2016 a banda retomou as atividades com nova formação (foto abaixo):

João Luiz: – voz
Nelson Brito: baixo
Roby Pontes: bateria
Marcello Schevano: guitarra

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Os ingressos para o Rock de Inverno podem ser adquiridos na bilheteria do Clube Recreativo.

Acompanhe a programação do evento:

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