Autor de denúncia arquivada contra vereador vê ‘corporativismo’ da Câmara

Questionado sobre o resultado da votação que arquivou, por unanimidade, o pedido para investigar o vereador Tenente Dionísio de Gênova Júnior, do DEM, por ter, supostamente, recebido a dose da vacina contra a COVID-19 fora dos critérios estabelecidos pelo Plano Estadual de Imunização, o Tenente aposentado da Polícia Militar, Carlos Bezerra, autor da denúncia, resumiu a decisão a uma palavra: ‘corporativismo’.

“Vejo a votação dos vereadores contra a denúncia apresentada e arquivada como ‘corporativismo’ para acobertar falta de decoro, imoralidade e falta de ética de um vereador”, acusou Bezerra.

Para ele, “antes mesmo do denunciado, os vereadores iniciaram a defesa”, avalia.

Por ter assistido a reunião do Legislativo, o autor da denúncia questionou a fala de um dos parlamentares: “Um vereador disse que ele (Gênova) foi buscar a esposa, que é PM no Quartel e o comandante do quartel determinou para ele tomar a vacina. Esse vereador (que evitou citar o nome) só não falou que a esposa do denunciado trabalha na unidade de saúde do quartel e tinha todo conhecimento sobre a vacinação”, garante.

O Tenente aposentado da Polícia Militar afirma ainda que “outro vereador (sem citar o nome) falou que o denunciado estava lá como Policial Militar e não como Vereador. É um absurdo um vereador pensar dessa forma. Vereadores em exercício são vereadores 24 horas. Todos viram, nos noticiários, que o responsável pela morte do menor Henry foi o Vereador Jairinho (diga-se o Jairinho estava em casa quando o menor morreu)”, comparou o autor da denúncia.

Ainda segundo Bezerra, “outro vereador (sem revelar o nome) disse que o Ministério Público já estava apurando e que tem CPI sobre o mesmo assunto. Esse vereador tem que ler melhor as normas. O direito possui várias esferas e o vereador está sujeito a todas elas, uma delas é a administrativa, que é competência da Câmara Municipal. Eles tomaram conhecimento da denúncia contra um vereador e resolveram arquivar e sentiram bem com a imoralidade e a falta de ética de um dos seus”, acusou o denunciante.

Questionado sobre a possibilidade de a Comissão Parlamentar de Inquérito instalada pela Câmara Municipal investigar sua denúncia contra o ex-colega de farda, Bezerra afirma: “Sobre a CPI, ela não vai apurar o Vereador denunciado. Aliás, ele foi um dos que assinou a abertura da CPI. O que a CPI tem é uma planilha em Excel de fura-fila da vacina do Quartel onde o denunciado figura como PM e não como Vereador. O MP está fazendo uma apuração e a relação que o MP tem em relação ao Quartel é uma planilha em Excel onde até civis foram relacionados como PM e não está discriminado quem é PM inativo e ativo”, analisa.

Bezerra finaliza argumentando ainda que “um vereador (sem também citar o nome) disse que tem muito serviço na Câmara Municipal e eles não teriam tempo para uma Comissão Processante. Isso foi desculpa esfarrapada. Vejam só: como esse vereador expôs a Câmara Municipal não tem tempo para novas denúncias. Então, a partir de agora, os vereadores estão impunes. O Executivo está impune, eles não têm mais tempo. O arquivamento corporativista deixou a sensação de impunidade e desmerecimento da voz do povo, do eleitor”, acusou o autor da denúncia, que entende que a Câmara deveria “no mínimo, deliberar pelo encaminhamento da denúncia para juntada na CPI e não jogá-la no arquivo”, defende.

Questionado se pretende fazer outra denúncia com o mesmo assunto, Bezerra explica não ter sido notificado ainda sobre o resultado da votação: “A Câmara ainda não me respondeu sobre essa denúncia. Vou aguardar alguns dias. Caso não me seja apresentada resposta sobre essa denúncia, vou fazer o pedido formal da resposta”, encerra.

Para ele, “não adianta denunciar na Câmara Municipal”. Ele justifica: “Tenho a opinião que se os vereadores não são capazes de apurar uma denúncia contra um vereador, não serão capazes de apontar responsáveis na CPI da COVID-19. Aliás, a CPI da COVID-19 trata de desvios de verbas, falta de estruturas de saúde, hospital de campanha sumido, fura-filas da vacina (gente importante da cidade)”, concluiu o policial aposentado.

O Jornal da Segunda continua aguardando manifestação do vereador Tenente Gênova sobre a denúncia apresentada.

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Tenente Bezerra, autor da denúncia

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