900 – Desfile em homenagem à dona Dora deve atrair milhares de pessoas na V.O.

Se for com base no público que tem acompanhado os últimos ensaios da bateria, o desfile da Escola de Samba Unidos da Vila Operária deverá atrair milhares de pessoas no desfile marcado para este sábado, dia 10 de fevereiro, a partir das 21 horas, na avenida Siqueira Campos.

O enredo escolhido pela agremiação em 2024 é uma homenagem à mais antiga professora do bairro, Dora de Maio Bermejo (foto abaixo). Ao lado dos filhos, ela deverá estar presente para acompanhar a apresentação.

Dora de Maio Bermejo

Sem desfile oficial há anos, a Unidos da Vila Operária consegue manter viva a tradição, se apresentando com recursos próprios, arrecadados com promoções realizadas ao longo do ano.

Há três meses, o carnavalesco Audálio Duarte deixou a cidade de Marília, onde reside e trabalha, para ‘morar’ no barracão da V.O. e preparar as fantasias e alegorias. Ele conta que a escola deve ter algumas surpresas no desfile, ainda guardadas a sete chaves. “Nem a diretoria sabe algumas surpresas que estamos preparando”, garante.

Serão cinco alas, além da bateria comandada por Silvinho Bermejo, reunindo mais de 60 componentes, que têm ensaiado desde o início do ano.

LIBRAS – Duarte explica que três alegorias estão sendo preparadas. Uma delas, representará uma sala de aula, onde dona Dora trabalhou por mais de 30 anos. Pela primeira vez na história do carnaval do interior de São Paulo, o samba enredo também será interpretado em linguagem com sinais de libra.

Conheça um pouco do enredo da Escola de Samba Unidos da Vila Operária para o carnaval de 2024: “Dona Dora – A educadora e matriarca de sambistas”

A ORIGEM – No final de 1929, Vicente De Maio, Dorina Olivetti e os filhos chegam a Assis.

No dia 27 de julho de 1932, nasce o oitavo filho do casal Vicente e Dorina. Dora de Maio, chamada carinhosamente pelos pais de ‘Lórinha’ e pelos amigos de ‘Dorinha’

OS PAIS – Dora de Maio Bermejo, aos 91 anos, continua completamente lúcida. Pronunciando todas as palavras de forma impecável, conta ter muitos motivos para se orgulhar dos pais.

“Meu pai era artesão. Foi gerente de armazém. Gostava muito de ler. Era muito religioso. Católico, fazia questão de ensinar a Palavra de Deus a todos os filhos, em casa”. Teve forte atuação na criação do antigo asilo, nas proximidades do Mercado Modelo, onde ele ia, diariamente, a pé, fazer trabalho voluntário.

“Minha mãe. Dorina, gostava muito de fazer crochê e bordado. Também era muito religiosa. Pertencia ao Apostolado da Oração. Em Assis, frequentava missas celebradas pelo Mosenhor Davi Corso, na Catedral”.

Em Assis, a família, inicialmente, morou próximo ao antigo Colégio Santa Maria. depois, se mudou para a vila Xavier, onde Dora viveu sua adolescência, estudou e viria a se casar.

A ALUNA – Dora de Maio, a ‘Lórinha’, iniciou seus estudos no ‘primário’ na escola João Mendes Júnior, que permanece no mesmo local. “Quando cheguei à escola, já sabia ler e escrever. Fui alfabetizada por meu pai e pelas minhas irmãs. Sempre tirei boas notas e era a ‘primeira da classe’“, se orgulha.

Cursou o ginasial no antigo Instituto de Educação (hoje Escola Carlos Alberto de Oliveira).

Da época de ginásio, se lembra, com nostalgia, dos desfiles de aniversário da cidade e 7 de Setembro.

Àquela época, o uniforme das meninas estudantes era: tênis ou sapato preto, meias brancas até altura dos joelhos, saia preta e camisa branca de botões com o bolso bordado com o brasão da escola.

Entre as disciplinas, a que mais despertava interesse na aluna Dorinha era História, ministrada pelo saudoso professor Clóvis Corradi.

Do ginásio, Dora foi para o Ensino Normal, também no Instituto de Educação, curso que permitia, ao concluir os estudos, começar a lecionar.

A PROFESSORA – Concluído o Ensino Normal, Dora de Maio iniciou sua carreira de educadora em 1963. Os primeiros ensinamentos foram ministrados aos alunos de escolas isoladas, situadas na zona rural.

A primeira delas, foi na Água da Cabiúna, entre Assis e Cândido Mota.

Após aulas em algumas escolas isoladas, na zona rural, Dora teve como destino a antiga escolinha da Vila Operária, onde era professora substituta e, quis o destino, pudesse, anos depois, iniciar o namoro na praça do bairro, fixar domicílio e encontrar o companheiro Toninho Bermejo, com quem constituiu família.

“A maior parte da vida da professora Dora, como alfabetizadora, foi na escolinha da vila Operária, denominada Cleophânia Galvão da Silva e, atualmente, é a Maria Clélia de Oliveira Valim”, se recorda uma secretária da escola, após consultar os arquivos da unidade escolar do bairro.

Profissionalmente, a professora Dora de Maio Bermejo se aposentou na Escola Lucas Thomas Menk no ano de 1992.

Naquele tempo, as salas de aula da professora Dora já reuniam aproximadamente 40 alunos.
No início da carreira, as crianças sentavam em carteiras duplas.

“Eu precisava ser enérgica para manter o silêncio na sala”, conta a professora.

No entanto, mesmo após a aposentadoria, Dona Dora continuou auxiliando na alfabetização de aula de reforço aos que lhe procuravam.

Numa sala, ao lado de sua casa, na antiga sede do time Vasco da Gama, criado pela família Bermejo, havia uma lousa, onde a professora Dora dava aulas de reforço aos seus próprios filhos e aos vizinhos. “Jamais cobrei um centavo pela aulas que dei aos que me procuravam”, diz.

PAIXÃO PELA LEITURA – Desde criança, a pequena ‘Dorinha’ era apaixonada por leitura.
Passeou pelas obras de Euclides da Cunha (seu escritor favorito), aos livros e enciclopédias escolares.

Nos intervalos das aulas, a professora Dora se refugiava na biblioteca da escola.

Quando não estava lendo, estava auxiliando alunos em busca de livros ou fazendo leitura e consulta junto com os mesmos.

Atualmente, apesar dos mais de 90 anos, e a vista fraca, ainda sob os princípios católicos e graças aos ensinamentos dos pais, lê, diariamente, a Bíblia, acompanhando as missas na Rede Vida de Televisão.

A COZINHEIRA – Outro local frequentado pela professora Dora na escola, quando estava ensinando, era a cozinha.

Se lembra, com saudade, das muitas vezes que auxiliou a cozinheira ‘dona Orides’.

Durante muitos anos, só os alunos, filhos de famílias com boas condições financeiras, recebiam a merenda.

O que sobrava da merenda era dispensado no lixo.

Dona Dora sempre achou injusto esse sistema e, muitas vezes, pegava marmitas dos alunos que não tinham direito à refeição e colocava a merenda que sobrava.

Outra cozinha bastante frequentada por Dora Bermejo, anos depois, ao lado de sua residência, era a da sede do Vasco da Gama. “Enquanto os homens se divertiam e com os jogos de mesa (baralho), a gente ficava na cozinha, fritando batatas e providenciando outros quitutes”, se recorda.

Após se casar e passar a frequentar a igreja da vila Operária, Dora Bermejo integrava a equipe de cozinheiras chefiada pela dona Filomena, uma espanhola de confiança do padre Aloísio Belline.

Ela comandava a cozinha do Galpão Ajato de Vila Operária, como era conhecido o antigo salão de festas, onde, aliás, a escola de samba, produziu as suas primeiras alegorias e fantasias, em 1979, sempre com autorização do padre.

Dorinha também era uma exímia cozinheira. “Me lembro das macarronadas, feitas numa enorme bacia, para saciar a fome dos filhos e convidados nos almoços de domingo”, conta uma sobrinha.

O NAMORO – Adolescente, a pequena ‘Lorinha’, como era chamada carinhosamente pelos pais, conheceu seu esposo, Antônio Bermejo, nos passeios a pé pela avenida Rui Barbosa (fottings), entre a antiga Estação Ferroviária e a praça da Catedral. Os passeios na avenida eram o meio mais comum de os jovens trocarem os primeiros olhares e onde surgiam os convites para se conhecer melhor.

“Com 17 anos, eu saía de casa sempre acompanhada das minhas irmãs mais velhas e precisávamos retonar até às 10 da noite. Sem um minuto a mais de tolerância”, conta Dora.
Toninho Bermejo foi alvo dos olhares interessados de Dorinha nos passeios da avenida Rui Barbosa, mas os primeiros beijos foram trocados na antiga praça da igrejinha da vila Operária (foto acima, à direita).

Toninho Bermejo trabalhava numa antiga fábrica de carroceria, mas logo seguiu os caminhos do pai e maquinista Nicolau Bermejo. Toninho chegou a trabalhar como ‘foguista’ do pai maquinista Nicolau.

O fato de os ferroviários terem uma participação ativa na política, muitos deles ligados a greves do movimento operário, causava reação negativa de algumas pessoas, mas o pai de Dora parecia não se incomodar com isso, apesar de, inicialmente, ter colocado algumas restrições no relacionamento.

Sobre o anos de ditadura, a professora Dora tem poucas lembranças.

Apenas se recorda da imagem dos policiais do Exército indo nas casas pedir um copo de café ou água.

Dora, às vezes, se encontrava com Toninho no antigo armazém da Estrada de Ferro Sorocabana, que ficava à margem da linha férrea, entre as vila Xavier, onde morava sua família, e a vila Operária, onde residia a família Bermejo. Passeios do casal numa charrete também eram comuns.

Dora era fã de Roberto Carlos, mas não se arrisca a cantar nenhuma das músicas do tempo da jovem guarda. “São todas muito bonitas e falam de amor”, justifica dona Dora.

Dora se lembra da formatura e do baile no Clube Recreativo, com a apresentação de um conjunto.

Recém casada, Dora dançou várias músicas com o marido Toninho Bermejo.

Ela conta que adorava dançar valsa. “A formatura, dançando com o Toninho no baile no Clube Recreativo, foi a maior alegria da minha vida”, revela.

Dora e Toninho Bermejo

A FAMÍLIA – Dora e Toninho Bermejo se casaram na vila Xavier em 26 de janeiro de 1952.

Do casal, vieram 11 filhos em oito partos.
Luiz Antônio Bermejo (bancário aposentado)
Antônio Carlos Bermejo (contador e ex-vereador) in memoriam
Maria Cristina Bermejo Pinto (bancária aposentada)
José Alberto Bermejo (servidor público aposentado)
Teresinha Aparecida Bermejo (comerciária)
Silvio de Maio Bermejo (eletricista)
Roberto de Maio Bermejo (despachante)
Ricardo de Maio Bermejo (advogado e contador)
Rui Vicente Bermejo (advogado e contador)
Márcio Luiz Bermejo (metalúrgico)
Marcos Antônio Bermejo (contador)
Gêmeos: Antônio Carlos e Maria Cristina, José Alberto e Teresinha e Márcio e Marcos
Atualmente, Dora de Maio Bermejo tem 25 netos e 27 bisnetos.

LUTO – Aos 50 anos de idade, Dora de Maio Bermejo perdeu o marido Toninho Bermejo, vítima de um incidente numa pescaria. Toninho morreu, vítima de afogamento, no dia 4 de janeiro de 1983. Desde então, dona Dora passou a assumir o papel de mãe e pai dos 11 filhos.

Casarão onde morava a família Bermejo

MEDO DE CHUVA – Dora e Toninho viveram momentos marcantes.

Moravam numa antiga casa de madeira, na avenida Siqueira Campos, quando, numa tarde chuvosa, um vendaval destelhou parte da cozinha.

Para proteger os filhos, dona Dora colocou Terezinha, Cristina, Silvinho e Ricardo abaixados, sob a mesa da cozinha, até que o vento diminuísse.

Toninho Bermejo já era ferroviário e, naquele dia, estava viajando.

Ninguém ficou ferido e, com ajuda de vizinhos, a casa foi reconstruída no dia seguinte, em sistema de mutirão, mas o fato jamais foi esquecido pela matriarca.

O filho Silvinho conta quem até hoje, o trauma e medo de chuva permanecem.

“Quando chove forte, um dos filhos precisa ir correndo para a casa ficar com ela”, revela.

Anos depois, a casa, que era alugada, foi trocada por um casarão (foto acima), que Toninho comprou a parte dos demais irmãos. O casarão de madeira era na esquina da avenida Siqueira Campos com a rua Lins de Vasconcelos, ao lado da atual residência de dona Dora.

CABRITA – Dora e Toninho Bermejo sempre tiveram animais de criação.

Alguns dos filhos se alimentaram com leite de uma cabra, que vivia solta no quintal, junto com alguns cães.

Os filhos ajudam a lembrar de um episódio que quase virou tragédia.

Um vizinho, descontente com o barulho provocado pelos latidos do cachorro da família Bermejo, decidiu jogar veneno no interior do quintal.

A cabrita também ingeriu e veneno.

O leite contaminado foi servido a 8 filhos. Todos precisaram ser socorridos e levados, às pressas, para o antigo Hospital Sorocabana (atual Colégio Ipê).

Todos permaneceram internados por algumas horas.

Passaram por uma lavagem estomacal com o processo de desintoxicação.

Furioso, o pai das crianças hospitalizadas saiu à caça do vizinho que envenenou os animais.

“Por sorte, o vizinho fugiu, ao saber que estava sendo procurado para ‘um acerto de contas’”, contam.

SEDE DO VASCO – Ao lado do casarão, junto com os irmãos, Toninho fundou a sede do time de futebol Vasco da Gama, que disputou vários jogos e torneios na década de 70.

Na sede do Vasco, havia bailes, com apresentação de conjuntos musicais e jogos de baralho.
Dona Dora ajudava na cozinha, fritando batatas e quitutes.

Durante os dias de semana, quando a sede não funcionava, ela improvisou uma lousa na parede de um cômodo no fundo para dar aulas de reforço aos filhos e às crianças vizinhas.

MULHER INSPIRADORA – Na noite de 18 de abril de 2023, na sede da Associação Comercial e Industrial de Assis, na vila Operária, a matriarca da família Bermejo, dona Dora de Maio Bermejo, aos 91 anos, foi uma das 15 mulheres de Assis homenageadas com o 1º Prêmio Dra. Ana Barbosa, evento promovido pelo Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura da ACIA.

Atualmente, dona Dora divide o seu dia, sempre acompanhada por um dos filhos, entre a audiência da Rede Vida e os bordados que, há anos, ocupa o seu tempo.

Ao longo dos anos, foram milhares de panos de prato cuidadosa e habilidosamente bordados
pelas cansadas mesmas mãos que, com um giz à lousa, ensinaram milhares de crianças a se tornarem cidadãs alfabetizadas.

SANTA TEREZINHA – Católica praticante desde criança, por orientação dos pais, também religiosos, Dora de Maio Bermejo sempre frequentou a igreja do bairro onde residiu e participava de grupos, como o ‘Filhas de Maria’.

Quando criança, Dora enfrentou um grave problema de saúde. mãe fez uma promessa. Se fosse curada, a vestiria de Santa Terezinha.

A cura, que ela considera como ‘milagre’, veio e a promessa foi cumprida pela mãe.

Além de pagar a promessa, Dora virou devota de Santa Terezinha.

Sua devoção fez com que ela desse o nome de Terezinha a uma das filhas.

MATRIARCA DO SAMBA – Residindo na vila Operária, bairro formado, essencialmente, por famílias de ferroviários, no final da década de 70, dona Dora começou a perceber uma movimentação esportiva e cultural no bairro, liderada pelo pároco padre Aloísio Bellini.

No campo esportivo, o projeto de maior sucesso foi a fundação do Vila Operária Clube Esporte Mariano, o VOCEM, que disputará a Série A-4 no futeboll paulista em 2024.

No assistencialismo, o pároco criou o Círculo dos Amigos dos Pobres do pão de Santo Antônio, o CAPSA, presidido, há alguns anos, pelo primeiro filho de Dora, Luis Antônio Bermejo.

A filha Cristina, repetindo o feito do avô Vicente, é diretora de unidade Asilar (Lar dos Velhos).

Mas, foi na escola de samba do bairro, fundada em 10 de outubro de 1979, que a maioria dos filhos da professora dona Dora de Maio Bermejo e do ferroviário Toninho Bermejo, tiveram e continuam tendo forte influência.

Aliás, na primeira foto da fundação da escola, aparecem os irmãos Silvinho e Zezé Bermejo, que continuam até hoje na agremiação.

Juntos com eles, desfilaram seus filhos e esposas.

Roberto Bermejo já presidiu a escola e desfila na bateria com sua cuíca.

Outro filho, Ricardo Bermejo, teve papel importante na fundação da escola, tendo redigido e registrado o primeiro estatuto da Escola de Samba Unidos da Vila Operária. Foi o primeiro secretário da agremiação.

Outros filhos -Márcio e Rui- também desfilaram na bateria.

O saudoso Cacá Bermejo também auxiliava nos desfiles, preparando o carro de som.

Provavelmente nenhuma família teve tantos integrantes na história da escola de samba, o que dá para intitular dona Dora de Maio Bermejo como “Matriarca do samba da vila Operária”.

Dona Dora e os filhos em recente confraternização

RAÍZES DO SAMBA – Ricardo de Maio Bermejo foi o primeiro secretário da escola de samba e responsável pelo registro do estatuto social da Escola de Samba Unidos da Vila Operária.

Também desfilou na comissão de frente.

Roberto Bermejo, o ‘Betinho’, além de ritmista, foi presidente da Escola de Samba Unidos da Vila Operária por dois anos.

Silvinho Bermejo, fundador da escola, é atualmente o mestre de bateria da escola de samba.

José Alberto ‘Zezé Bermejo’ é fundador da escola de samba e responsável pela manutenção dos instrumentos e criador dos ‘butantãs ‘ da bateria.

Márcio Bermejo, o ‘Gordo’, foi percussionista (pandeiro e surdo) na bateria.

Rui Bermejo também foi percussionista (surdo) na bateria.

FRASE – Dona Dora tentou, mesmo em sala de aula, durante os mais de 35 anos de profissão, demonstrar sua fé aos alunos.

Antes de começar a redigir a lição da aula na lousa, ela sempre escrevia, além da data, precedida pelo nome da escola, uma mensagem religiosa:

“Deus está conosco
em todos os momentos
de nossa vida”

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